Brasil ficou mais pobre entre 2012 e 2020, aponta levantamento

Levantamento da consultoria Tendências mostra que 37,7 milhões de domicílios compõem a base social do país neste ano, com uma renda mensal de até R$ 2,8 mil.

Brasil empobrece em 10 anos e tem mais da metade dos domicílios nas classes D e E | Divulgação
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O Brasil ficou mais pobre em dez anos. Entre 2012 e 2022, a fatia de domicílios brasileiros que integra as classes D e E aumentou de 48,7% para 51%, mostra um levantamento realizado pela consultoria Tendências.

Em números absolutos, são 37,7 milhões de domicílios compondo a base social neste ano.

O país não tem um critério único para classificar as classes de renda. Pelo levantamento da Tendências, as classes D e E são compostas pelos domicílios com renda mensal de até R$ 2,8 mil.

Renda da família brasileira diminuiu- Foto: Arquivo Pessoal

Nesse levantamento de 10 anos, a piora da mobilidade social mostra um importante revés para o Brasil. Desde o início dos anos 2000 até meados da década passada, o país viu o fortalecimento da classe C e parecia, enfim, se consolidar como uma economia de classe média – em 2004, 64% dos domicílios integravam as classes D e E, enquanto 22,4% pertenciam ao grupo da classe C.

Mas a recessão observada entre 2014 e 2016 e os efeitos econômicos detonados pela pandemia de coronavírus interromperam esse processo.

"A crise do biênio 2015 e 2016 provocou efeitos negativos na mobilidade social. Houve a ampliação das classes D e E e o enxugamento da classe média", afirma Lucas Assis, economista da Tendências. "O quadro já não era tão favorável, e a pandemia ampliou ainda mais as desigualdades."

Em 2021, com o agravamento da crise sanitária, a fatia de domicílios nas classes D e E chegou a 51,6%. A ligeira melhora que será observada neste ano será fruto de um mercado de trabalho um pouco mais favorável.

Vida já foi melhor

No melhor momento, o casal Steffany Aparecida Neves Prado, de 30 anos, e Juliano Prado Silva, de 31, chegou a ter uma renda conjunta mensal superior a R$ 3 mil. Ele trabalhava com o pai, como auxiliar de marceneiro, e ela era vendedora numa loja de roupas.

Hoje, o cenário é completamente diferente. Desempregados, os dois vivem de bicos. Juntos, conseguem uma renda mensal de R$ 400. "Quando aparece um bico, a gente vai correndo", diz Steffany, que hoje faz faxina num consultório odontológico.

"Eu posso falar que a nossa vida já esteve melhor, bem melhor. A gente já teve carro e tudo dentro de casa. Hoje, estamos sem geladeira. Vivemos de doação de cesta básica", afirma.

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