O Brasil está prestes a testar um modelo de semana de trabalho de apenas 4 dias, seguindo a tendência de outros países que já realizaram experimentos similares, como Espanha, Suécia, Islândia e Emirados Árabes. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a organização global 4 Day Week e a brasileira Reconnect Happiness at Work, que tem como objetivo avaliar o impacto da carga horária reduzida na produtividade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, estresse dos trabalhadores e rotatividade.
O modelo a ser implementado será no formato 100-80-100, ou seja, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade, enquanto o salário permanece integral. As empresas interessadas poderão se inscrever a partir de junho e começar a se preparar para adotar o novo modelo a partir de setembro. Para participar, basta preencher um formulário disponível no site da 4 Day Week.
O experimento será conduzido com a metodologia elaborada pela Universidade de Boston, nos Estados Unidos, que será responsável por analisar os resultados após três meses da implementação e ao fim do piloto. Renata Rivetti, diretora da Reconnect e especialista em Felicidade Corporativa, acredita que um dos principais desafios é desmistificar a crença de que a produtividade é diretamente proporcional ao número de horas trabalhadas.
Embora o foco inicial do projeto seja no aumento da produtividade, a diretora afirma que a semana de trabalho reduzida também traz benefícios para os indivíduos, suas famílias e para toda a sociedade, como maior atração e retenção de talentos, envolvimento mais profundo do cliente e melhor saúde e felicidade dos colaboradores.
Experiências
Em outros países que já realizaram testes semelhantes, os resultados foram positivos. No Reino Unido, cerca de 60 empresas participaram do teste e a grande maioria (92%) decidiu manter o formato de trabalho após o término do experimento. Na Bélgica, a jornada de trabalho é de 38 horas totais, mas os funcionários podem trabalhar 45 horas em uma semana e deduzir o tempo adicional na semana seguinte.
Já na Islândia, a jornada semanal de trabalho foi reduzida de 40 para 35 ou 36 horas sem corte salarial, enquanto na Espanha o modelo foi testado por 2 anos e na Suécia a semana de trabalho de 4 dias com expediente de 6 horas foi testada em 2015. Os Emirados Árabes foram os pioneiros e desde 2022 todos os funcinários de órgãos públicos trabalham apenas 36 horas por semana em 4 dias úteis.