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Brasil e Paraguai retomam negociação sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu

Impasse diplomático é superado após entrega de relatório sigiloso, e países retomam debate sobre custos e futuro da energia produzida pela binacional.

Agência Brasileira de Inteligência | Foto: Reprodução/Agência Brasil
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Brasil e Paraguai voltam à mesa de negociação, em dezembro, para discutir a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu. As conversas haviam sido congeladas após a crise provocada pela acusação de que a Agência Brasileira de Inteligência teria monitorado autoridades paraguaias. A entrega de um relatório reservado pelo governo brasileiro ao chanceler do país vizinho colocou fim ao impasse e permitiu o retorno do diálogo.

A retomada ocorre num momento de desgaste nas relações e de frustração técnica. A tarifa da energia, que deveria cair significativamente após a quitação do financiamento de 50 anos da usina, não reduziu como esperado. O valor pactuado para o Custo Unitário do Serviço de Eletricidade ainda supera as estimativas consideradas adequadas pelo setor, mantendo a disputa sobre os fatores que sustentam o preço.

Um dos pontos centrais dessa divergência são os investimentos socioambientais financiados pela binacional. Nos últimos anos, esses desembolsos cresceram e passaram a incluir obras e iniciativas além da área diretamente impactada por Itaipu, prática que tem sido alvo de críticas de especialistas, consumidores e parlamentares.

O governo brasileiro defende que tais ações fazem parte do papel histórico da hidrelétrica na região. Ainda assim, o ministro de Minas e Energia já indicou que esse modelo deve ser revisto a partir de 2027. Qualquer mudança, no entanto, depende de entendimento conjunto com o Paraguai, que também enfrenta pressões internas. No país vizinho, a suspeita de espionagem deixou sequelas políticas e reforçou cobranças por mais transparência e defesa da soberania energética.

Entre os temas mais sensíveis da renegociação está a possibilidade de o Paraguai comercializar livremente sua energia excedente com outros países, rompendo a exclusividade brasileira prevista no tratado atual. Para Assunção, essa liberdade significaria ampliar oportunidades de desenvolvimento. Para Brasília, representa um desafio econômico e político num momento em que ambos tentam reconstruir confiança após meses de tensão, diferenças tarifárias e questionamentos sobre a governança da usina.

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