O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e a ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, reafirmaram nesta sexta-feira (10) que os governos de ambos os países continuam trabalhando em uma agenda para uma maior integração produtiva em setores estratégicos, sobretudo na cadeia automobilística, com ênfase na produção de autopeças com maior conteúdo regional.
Após reunião que antecedeu a abertura do seminário "Integração Produtiva no Mercosul", do qual também participam representantes do Uruguai e do Paraguai, os ministros do Brasil e da Argentina voltaram a defender uma maior ação dos governos na concessão de financiamentos para o setor automotivo, a promoção de inovação tecnológica em autopeças e uma maior defesa do mercado regional contra similares importados de fora do bloco econômico.
"O setor precisa se desenvolver nos dois países e, para isso, é preciso ter escala, com acesso a mercado e inovação tecnológica", afirmou Débora. "O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Banco do Brasil e seus contrapartes argentinos Banco de La Nación e do Banco de Investimento e Comércio Exterior (Bice) podem ser utilizados pelo setor, que é estratégico para a integração produtiva entre os países", disse a ministra.
Segundo Miguel Jorge, a linha de crédito do BNDES de US$ 200 milhões para estimular o setor deve começar a ser operada até o fim do ano, inclusive com financiamentos para que fábricas argentinas de autopeças possam se estabelecer no Brasil. "Existem várias possibilidades. Podemos incentivar a criação de "joint ventures" (associações), trazer empresas para cá ou levarmos as nossas para lá", disse.
O ministro destacou que o fim do redutor de imposto de importação (II) de autopeças foi o primeiro passo do país para promover um maior conteúdo local na produção nacional de veículos. O mecanismo, que reduzia em 40% a tributação do produto importado, caiu para 30% e será extinto até 2011. "O nosso déficit na balança comercial de veículos é de US$ 5 bilhões por ano, justamente por causa das autopeças", afirmou. "E mais de 60% dessas importações são de peças europeias", acrescentou Miguel Jorge.
Com o fim do redutor, porém, o governo prepara, juntamente com o setor, uma lista de produtos não produzidos localmente que continuarão com benefício tributário, assim como já é feito na Argentina. "Vamos elaborar uma lista de exceção, com impostos reduzidos, mas levando em conta a economia de escala. Não é viável produzir tudo no Brasil", concluiu.