Brasil e Argentina vão criar uma linha de crédito para financiar empresários locais com objetivo de impulsionar o comércio bilateral afetado pela forte depreciação cambial no país vizinho, afirmou nesta sexta-feira (21) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges. Os dois países vão assinar acordo em 27 de março e o Brasil espera tornar essa linha de crédito disponível já em abril, segundo Borges.
"O montante (da linha de crédito) será o necessário para que o fluxo de comércio seja normal e significativo entre exportadores e importadores dos dois países", disse. A assinatura do acordo ocorrerá durante o encontro anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na Bahia.
De acordo com Borges, a linha de crédito não terá participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No estágio atual das negociações, estão sendo acertadas as garantias que serão oferecidas.
A Argentina é o terceiro parceiro comercial mais importante do Brasil, atrás de China e dos Estados Unidos.
O país atravessa período econômico delicado, com crise cambial devido à escassez de dólares pela fraqueza das exportações, inflação alta, falta de investimento estrangeiro e impossibilidade de se financiar no mercado internacional.
No fim de janeiro, a Argentina flexibilizou o controle cambial para limitar a compra de dólares por parte de poupadores, com investidores se desfazendo dos bônus do país por dúvidas sobre o futuro da economia.
A economia argentina frágil provocou queda de 23% nas exportações do Brasil para o país nos dois primeiros meses do ano, com os embarques despencando para US$ 2 bilhões.
Câmbio
O ministro também disse que o dólar mais estável, "na faixa entre R$ 2,30 e R$ 2,40", melhora a competitividade da indústria pelo efeito que tem de reduzir o custo da mão de obra. "A redução em dólar do custo do trabalho contribui para dar fôlego ao setor industrial brasileiro", comentou.
Ele avaliou ainda que o efeito da alta do dólar na balança comercial ocorreu primeiro pela via do encarecimento das importações e pela substituição de fornecedores externos por domésticos e que a próxima fase será a melhora das exportações.
A balança comercial segue castigada pela retração do comércio internacional e pelo saldo negativo da conta petróleo, amargando déficit recorde histórico de US$ 6,2 bilhões nos primeiros dois meses do ano.