A despeito da série de medidas de estímulo fiscal adotada pelo governo, a economia mostra reação débil, sem superar os efeitos da crise internacional sobre a indústria e os investimentos.
Divulgados ontem pelo IBGE, os resultados da produção e da renda no segundo trimestre mostram que, embora longe de recessões e turbulências do passado, o país vive o mais longo ciclo de crescimento baixo ou medíocre desde o Plano Real.
São oito trimestres consecutivos -dois anos inteiros- em que a expansão do Produto Interno Bruto não supera 1%, o mínimo necessário para as desejadas taxas anuais acima de 4%.
Entre abril e junho, a alta foi de 0,4% sobre os três meses anteriores, numa modesta melhora sobre o 0,1% medido de janeiro a março.
A aceleração era esperada, mas sua intensidade deu razão às apostas menos otimistas por parte de analistas e de investidores.
Torna-se cada vez mais consensual a estimativa feita inicialmente pelo banco Credit Suisse de crescimento de apenas 1,5% neste ano, chamada há apenas dois meses de "piada" pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.
Diante de números tão fracos, também há poucas dúvidas de que as perspectivas são de melhora a partir deste segundo semestre.
No entanto, não está no horizonte visível o retorno a taxas capazes de recolocar o Brasil entre os líderes do crescimento mundial, como as do segundo governo Lula.
DESEMPENHO FRACO
Depois da recuperação fulminante após a recessão de 2009, o desempenho atual do país está entre os piores fora da Europa em crise.
Em especial, é muito inferior aos dos gigantes Rússia, Índia e China, seus companheiros no acrônimo Bric-cunhado na década passada para designar novos motores da economia global.
Com juros em níveis historicamente baixos, gastos públicos em alta e desonerações tributárias, o máximo que o governo Dilma Rousseff ambiciona é crescimento de 4,5% em 2013, bem abaixo dos 6,5% projetados para o período no início do mandato da presidente.
O potencial de expansão foi afetado pela sequência de quatro trimestres seguidos de queda dos investimentos necessários para ampliar a capacidade produtiva.
E o consumo das famílias, embora se mantenha em alta devido aos baixos patamares do desemprego, não exibe mais o ritmo impulsionado pela multiplicação do crédito no período pré-crise.