A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) proporcionou um alívio modesto aos investidores no fechamento do ano. A valorização em dezembro, no entanto, nem de longe afastou a Bolsa da posição de pior investimento do ano, contrariando as previsões otimistas do início de 2008. E num ambiente mais turbulento que o previsto, os investidores seguiram um roteiro já visto em outras crise, correndo para o dólar e o ouro neste ano.
Após cinco anos de ganhos consecutivos, o índice Ibovespa registrou uma retração de 41,22% em 2008, sem resistir ao agravamento da crise financeira precipitado a partir de setembro, com a quebra do banco americano de investimentos Lehman Brothers. No primeiro semestre deste ano, corretoras trabalhavam com projeções na casa dos 70 mil pontos para dezembro de 2008, o que equivalia a uma valorização de quase 10%, na hipótese menos eufórica dos analistas.
Para 2009, com muitas reservas, analistas estimam que o Ibovespa chegue aos 50 mil pontos no último mês, o que representa uma alta superior a 30% ao longo de todo o período. Esse cenário embute a expectativa de um quadro econômico muito complicado ainda no primeiro semestre de 2009, mas em que a economia mundial inicia a sua recuperação na segunda metade do ano.
O preço da moeda americana disparou 31,34% no mercado doméstico ao longo de 2008, puxando a rentabilidade dos fundos cambiais neste ano. O ouro, cuja cotação acompanha de perto a trajetória do dólar, também teve forte alta (32,13%), tendo como referência o contrato negociado na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
Profissionais de corretoras não esperam que o dólar repita esse desempenho em 2009, apontando que deve oscilar entre R$ 2 e R$ 2,50 no ano que vem, provavelmente estabilizando-se em R$ 2,20.
Entre os investimentos mais conservadores, os fundos do tipo DI propiciaram retorno de 11,90%, segundo cálculo da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), enquanto os chamados fundos do tipo Renda Fixa tiveram rentabilidade de 12,62%. O cálculo leva em conta dados fornecidos até o dia 24 deste mês.
Já a poupança, aplicação mais popular do país, apresenta rendimento de 7,90% no ano.
As aplicações de renda fixa são bastante influencias pela trajetória da taxa básica de juros do país, hoje em 13,75%. A maior parte dos economistas considera que a partir do primeiro trimestre de 2009 a Selic inicia um ciclo de baixa, encerrando o ano de 2009 na casa dos 12%. Essa perspectiva, no entanto, depende do quadro inflacionário: por enquanto, as análises consideram um recuo dos índices de preços no ano que vem, num cenário de desaceleração da economia mundial.
Vale lembrar que a inflação surpreendeu os economistas em 2008. Se considerado o IGP-M, referência para o reajuste dos aluguéis, foi de 9,81%. Pelo IPCA-15, a inflação foi de 6,10%. No início do ano, analistas estimam uma inflação abaixo de 5% para os dois indicadores.
Dezembro
O dólar e o ouro ainda foram os investimentos mais rentáveis considerando somente o mês de dezembro. A moeda americana ficou 9,32% mais cara em dezembro, enquanto a cotação da commodity (BM&F) valorizou 10,64% no mesmo período.
Mesmo a Bolsa de Valores teve um momento de respiro: o índice Ibovespa, referência para a maior parte dos fundos de renda variável, subiu 2,61%.
Os fundos DI tiveram retorno médio de 0,89% no mês enquanto os fundos chamados "Renda Fixa" registram rentabilidade de 1,14%, segundo estimativa da Anbid. A poupança, por sua vez, teve ganho de 0,71%.
A inflação do mês, se medida pelo IPCA-15, foi de 0,29%. Já o índice IGP-M apontou deflação de 0,13%.