O governo Dilma Rousseff não vai sustentar uma operação baseada em conflito entre os sócios. O recado foi transmitido ontem ao empresário Abilio Diniz, sócio do Grupo Pão de Açúcar, pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Os dois se reuniram ontem na sede do banco no Rio, um dia depois de Coutinho se encontrar em Brasília com a presidente Dilma para tratar da fusão entre os grupos Pão de Açúcar e Carrefour.
Desde o anúncio da proposta de fusão, que contaria com o apoio do BNDES, o grupo Casino, sócio de Abilio no Pão de Açúcar, criticou as negociações, além de classificá-las de ilegais.
O controlador e presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, vai se reunir com Coutinho na próxima segunda-feira no Rio. Ele se recusou a se reunir com Abilio durante a semana.
Oficialmente o governo não vai recuar de sua disposição de participar da operação de fusão por meio do BNDES, mas já dá como rejeitada a proposta de Abilio caso o seu sócio francês, o Grupo Casino, não a aceite.
O Casino não aceita o negócio porque, no próximo ano, ele tem o direito de assumir o controle do Pão de Açúcar. Além disso, a proposta de Abilio envolve um concorrente do Casino, o também francês Carrefour.
A presidente Dilma chamou Coutinho para conversa por conta da repercussão negativa do anúncio de que o BNDES poderia injetar até R$ 4 bilhões para viabilizar a fusão entre os dois grupos de supermercados.
Dilma se mostra favorável à operação e deu aval ao enquadramento da proposta pelo banco, primeiro passo para a sua aprovação. Ficou preocupada, porém, com o tom do noticiário sobre o caso, dando conta de que o banco estaria estimulando a proposta e bancando uma disputa entre sócios.