O Banco Central (BC) informou nesta quinta-feira (29) que a economia brasileira tem crescido abaixo de seu potencial e que estima um "ritmo moderado da atividade econômica doméstica no curto prazo, com tendência de aceleração ao longo deste ano." Além disso, o BC avalia que as importações estão contribuindo para a contenção dos preços no mercado interno.
"As compras de produtos externos reduz a demanda nos mercados de insumos domésticos e, dessa forma, contribui para arrefecimento de pressões de custos e eventuais repasses para os preços ao consumidor", informou o documento.
No Relatório de Inflação, a autoridade monetária voltou a frisar que a taxa Selic vai cair para patamares "ligeiramente acima" de 8,75% ano ano e se estabilizar. O BC, de acordo com o documento, prevê crescimento de 3,5% neste ano.
Ainda segundo o relatório, o BC estima que a inflação deste ano ficará abaixo do centro da meta oficial -de 4,5% pelo IPCA- devido à desaceleração da atividade econômica interna e à maior deterioração do cenário global. Para 2013, no entanto, a autoridade monetária piorou suas estimativas.
A estimativa é de inflação de 4,4% neste ano pelo cenário de referência -com juros constantes em 9,75% e dólar a R$ 1,75. E, para o ano seguinte, o BC vê agora que o IPCA ficará em 5,2%. No relatório anterior, de dezembro passado, as estimativas tanto para este quanto o próximo ano estavam em 4,7%.
No documento, a autoridade monetária voltou a frisar que a taxa Selic vai cair para patamares "ligeiramente acima" de 8,75% ao ano, mínimo histórico que vigorou entre julho de 2009 a abril de 2010, e se estabilizar, como trouxe a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada em meados de março.
No início de março, o BC acelerou o passo ao reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, para os atuais 9,75% ao ano. Na avaliação do mercado, segundo mostrou a pesquisa Focus, a Selic deve ir a 9% em abril -quando o Copom se reúne novamente.
O economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, frisou que o aumento da inflação em 2013 indica uma piora da previsão dos preços. Com isso, na avaliação dele, o BC reduz a Selic em abril, mantém a taxa estabilizada até dezembro. "Isso indica uma possível alta do juros em 2013", afirmou Velho à Reuters.
A grande preocupação do governo é estimular a economia e garantir um crescimento na casa de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Em 2011, a economia brasileira cresceu apenas 2,7%, puxado por um mau desempenho da indústria.
Para tanto, a equipe da presidente Dilma Rousseff tem deixado claro que vai anunciar mais medidas para acelerar o crescimento da atividade, sobretudo na indústria. Na última sexta-feira, por exemplo, o governo prorrogou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca, além de incluir outros setores no benefício.
O próprio presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a economia brasileira vai acelerar em 2012, e ainda mais em 2013. Ele defende que, mesmo assim, a inflação deve convergir para o centro da meta no final deste ano.
Dados recentes mostram que os preços estão menos pressionados. Por exemplo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) -considerado uma prévia da inflação oficial- subiu 0,25% em março, abaixo das expectativas e mostrando uma forte desaceleração ante a alta de 0,53% registrada em fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).