O Banco Central (BC) anunciou uma revisão positiva em sua estimativa de crescimento para a economia brasileira em 2023, segundo o Relatório Trimestral de Inflação desta quinta-feira (29). A projeção foi elevada para 2,0%, em comparação aos 1,2% estimados em março. No entanto, o BC alertou que o cenário ainda indica uma desaceleração da atividade econômica neste ano.
De acordo com o documento, a revisão é resultado de surpresas positivas em algumas áreas da indústria e do setor de serviços no primeiro trimestre, além de uma melhora nas expectativas para o setor agrícola. No entanto, a instituição financeira ressaltou que "a projeção continua refletindo um cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023 sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica".
O BC manteve previsões modestas para as variações trimestrais na indústria e serviços ao longo do ano, enquanto prevê uma evolução distinta para o setor agropecuário. A estimativa do órgão é ligeiramente superior ao crescimento de 1,91% esperado pelo Ministério da Fazenda, enquanto a pesquisa Focus mais recente aponta que o mercado prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,18% em 2023.
No início deste ano, a atividade econômica surpreendeu com um crescimento acima do esperado no primeiro trimestre, impulsionado pelo desempenho destacado do setor agrícola. Esse cenário levou a revisões positivas por parte de especialistas e analistas em suas projeções para a economia. O BC elevou a perspectiva de crescimento da agropecuária de 7,0% para 10,0%, da indústria de 0,3% para 0,7% e dos serviços de 1,0% para 1,6%.
Desempenho baixo das transações correntes
Além disso, o BC indicou estimativa baixa para o resultado das transações correntes deste ano, passando a projetar um saldo negativo de 45 bilhões de dólares, em comparação ao déficit de 32 bilhões de dólares estimado anteriormente. Essa revisão se deve principalmente a uma expectativa de superávit menor na balança comercial, que foi ajustada para 54 bilhões de dólares contra os 62 bilhões de dólares previstos anteriormente.
A entidade monetária atualizou também suas projeções para o crescimento do crédito no país, conforme divulgado em seu Relatório Trimestral de Inflação. Agora, espera-se um crescimento de 7,7% neste ano, ligeiramente superior à estimativa anterior de 7,6%. Além disso, a expectativa para o crédito destinado às famílias foi revisada para cima, com uma projeção de aumento de 9,9% em 2023, em comparação com a expectativa anterior de 8,4%. Já para as empresas, estima-se um crescimento de 4,4%, em comparação com os 6,3% previstos no último relatório.
A próxima reunião do Comitê de Política Montária (Copom), agendada para agosto, poderá trazer decisões importantes sobre a política monetária, tendo em vista a possibilidade de um afrouxamento parcial das taxas de juros.