BC deixa recado sobre inflação após segundo corte consecutivo na taxa Selic

O Copom fundamentou sua decisão com base no processo de desinflação, nas condições econômicas e no equilíbrio de riscos

Roberto Campos Neto - Presidente do BC | Vinícius Schmidt
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Em um anúncio realizado nessa quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu os mercados ao anunciar um corte adicional de 0,50 ponto percentual (p.p.) na taxa básica de juros (Selic), que agora se situa em 12,75% ao ano. Nesse comunicado, o Copom fundamentou sua decisão com base no processo de desinflação em curso, nas condições econômicas tanto no Brasil quanto no cenário internacional e no equilíbrio de riscos.

Analistas consultados notaram que o Copom reconheceu a melhora nos indicadores de inflação e na atividade econômica do Brasil, mas ao mesmo tempo ponderou a necessidade de se cumprir as metas fiscais do país.

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Em seu comunicado, o comitê destacou a desaceleração da inflação subjacente, que desconsidera fatores temporários ou preços altamente voláteis, porém, ressaltou o aumento do indicador no acumulado de 12 meses. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou um avanço de 4,61% nos 12 meses encerrados em agosto, comparado a 3,99% em julho.

O Copom também reconheceu a resiliência da economia brasileira, que tem apresentado melhor desempenho do que o esperado, mas ainda antecipa uma desaceleração nos próximos trimestres.

No que diz respeito aos riscos inflacionários, o Copom apontou para a persistência das pressões inflacionárias globais e uma possível resistência da inflação de serviços devido a um hiato do produto mais restrito. Por outro lado, destacou riscos de baixa relacionados a uma desaceleração mais acentuada da atividade econômica global e aos impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global.

Expectativa de mais cortes

As expectativas de inflação apuradas pelo Focus, que reúne projeções de instituições financeiras para indicadores econômicos, estão em 4,9% para 2023, 3,9% para 2024 e 3,5% para 2025. Em contrapartida, as projeções do Copom em seu cenário de referência são de 5,0% para 2023, 3,5% para 2024 e 3,1% para 2025, com projeções para a inflação de preços administrados em 10,5% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025.

A questão fiscal continua sendo um ponto crítico, e o Copom reforçou a importância da execução das metas fiscais para a ancoragem das expectativas de inflação e a condução da política monetária. Alguns analistas interpretaram esse enfoque como um possível condicionante para futuros cortes de juros.

O cenário internacional também foi abordado, com destaque para a incerteza global, o processo de desinflação em curso e a resiliência dos mercados de trabalho em diversos países. O Copom observou o aumento das taxas de juros de longo prazo nos EUA e a perspectiva de menor crescimento na China, apontando que isso requer maior atenção dos países emergentes.

Os analistas agora aguardam a ata do Copom, a ser divulgada na próxima semana, para obter mais insights sobre como o Banco Central avaliou a melhora nos indicadores de inflação de serviços e se houve heterogeneidade de avaliações dentro do comitê em relação ao crescimento econômico.

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