Ex-bancária abre mecânica “feminina” que oferece manicure

A Meu Mecânico já fatura cerca de R$ 40 mil mensais e deve virar franquia.

Mesmo com o planejamento, a Meu Mecânico contou com dificuldades no começo. | Divulgação
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A ida à uma oficina mecânica para uma simples troca de óleo no carro acabou se transformando em uma grande oportunidade para Agda Oliver, 31 anos. Acostumada apenas com tabelas e números graças ao trabalho de bancária, o desconhecimento sobre carros fez com que ela caísse no ?conto? do mecânico e pagasse até por peças que nem existiam em seu veículo. O que o mecânico não imaginava é que, após isso, ele teria de enfrentar mais uma concorrente ? a Meu Mecânico ? oficina destinada às mulheres em Ceilândia (DF), que oferece manicure, depilação e limpeza de pele para as clientes enquanto aguardam o serviço dos carros ficar pronto, e já fatura cerca de R$ 40 mil mensais.

De acordo com Agda, o procedimento da troca de óleo, que deveria custar em torno de R$ 120, acabou saindo por R$ 600, já que os mecânicos responsáveis pelo serviço ?encontraram? diversos outros problemas no carro, como no filtro do ar-condicionado. O detalhe é que o carro não possuía ar-condicionado. ?Eu cheguei só para fazer a troca de óleo e eles me deram a entender que se eu não fizesse o serviço completo, o carro ia explodir. Gastei R$ 600 por meia hora de serviço e eles ainda colocaram peças no orçamento que meu carro nem tinha?, afirma Agda.

Para nunca mais ser enganada, Agda decidiu entrar em um curso de mecânica. ?O curso que fiz me fez tomar gosto pela coisa?, afirma. Outro desejo em sua lista de prioridades era o do próprio negócio. Mas, após quatro anos trabalhando em banco, ela não conseguia visualizar nenhum empreendimento que se identificasse. Foi aí que interesse e oportunidade se encontraram e Agda, com a ajuda do marido Wesley Leal, decidiu abrir mão de R$ 60 mil que estavam guardados para comprar uma casa e abrir, em 2010, uma mecânica destinada às mulheres, que, assim como ela, eram mais facilmente enganadas com problemas nos carros.

Apesar do risco, o sonho da casa própria não podia ser abandonado por um projeto mal feito. Por isso, Agda Oliver decidiu se matricular em outro curso, agora no do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). ?Eu fiz tudo muito bem planejado, fiz pesquisa de mercado, fiz plano de negócio. Foi por meio do curso que fiz que eu abri o meu negócio?.

Mesmo com o planejamento, a Meu Mecânico contou com dificuldades no começo ? clichê de praticamente todo novo empreendimento no País. O agravante foi o preconceito. ?Eu sofri muita discriminação por ser mulher. Muitas pessoas não acreditavam que a gente podia dar certo, muitos clientes não acreditavam. Há pouco tempo, cerca de um mês atrás, um homem pediu um serviço para nós, mas pediu que um dos homens que trabalham aqui que fizesse?, diz.

Uma das estratégias para fazer com que a empresa engrenasse foi dar mimos e preferência às mulheres. Toda terça-feira, por exemplo, existe a TPM. E não é a ?causa? fisiológica que mexe com o comportamento feminino, mas, sim, a Terça Para Mulheres ? dia em que elas têm depilação, escova, manicure, maquiagem e limpeza de pele por conta da casa, além de convênio com 13 academias de Brasília para as clientes. Os preços também são menores, na TPM, o valor do alinhamento e balanceamento, que geralmente é de R$ 50, cai para R$ 9,90.

Porém, essa não é a única estratégia para atrair o público feminino para a loja. ?Todos os dias nós somos quatro mulheres, então a gente tem um fluxo bom porque elas (as clientes) se sentem bem a vontade com a gente e o contato dela é 100% com mulher, orçamento, mecânica, tudo. O contato dela é apenas com mulheres?, afirma a proprietária que conta hoje com sete funcionários, sendo quatro mulheres.

Agora, a Meu Mecânico se prepara para virar uma rede de franquias. A ideia é que até o ano que vem a primeira unidade piloto esteja aberta em na capital federal. ?Eu quero realmente abrir franquia, de imediato aqui em Brasília, e depois realmente estender pelo Brasil, pois quero acompanhar de perto o projeto?. Segundo Oliver, o investimento para uma unidade da franquia seria de R$ 100 mil, mais uma pequena taxa mensal que seria destinada ao marketing da rede de cerca de R$ 200.

?Eu acho que quando a gente faz o que gosta, a gente faz bem feito. A dica que deixo para quem quer abrir o próprio negócio é para procurar resolver o problema de outras pessoas, que se ganha dinheiro com o problema dos outros. A necessidade das pessoas te leva a ter sucesso?, conclui.

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