Diagnósticos distintos de analistas sobre o rali do Ibovespa em 2009 permeiam o mercado brasileiro, um ano depois do agravamento da crise global. No ano, até o fechamento de 10 de setembro, o índice acumulou valorização de 55,9%. Embora seja quase consenso entre analistas dizer que altas ou baixas acentuadas estão fora do script, o vão entre os otimistas e os céticos parece estar ficando cada vez maior, à medida que a bolsa atinge novas máximas em mais de 13 meses.
O primeiro time aposta que o Ibovespa vai mais que se recuperar do tombo de 41,2% sofrido em 2008, o maior em 36 anos, diante de dados econômicos e corporativos que chancelem as previsões de que a economia está se levantando de forma sustentada. É o caso do Credit Suisse, que na semana passada elevou pela segunda vez a projeção para o Ibovespa no final do ano.
O banco suíço agora vê o índice em 64 mil pontos em dezembro, ante a faixa de 58 mil pontos nesta sexta-feira (11). "Ainda vemos um bom momento até o final do ano e acreditamos que os dados de PIB (brasileiro) no curto prazo podem surpreender positivamente", avalia o banco em relatório, antes da divulgação feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, apontando que a economia brasileira cresceu 1,9% no segundo trimestre frente ao período de janeiro a março deste ano. "Está ficando mais sólida a percepção de que a variação do PIB brasileiro em 2009 não será negativa", disse Walter Mendes, diretor de renda variável do Itaú Unibanco.
O banco vê o Ibovespa alcançando 62 mil pontos em dezembro. Apetite de novas empresas Segundo Mendes, por ser mais sensível à flutuação dos preços das commodities, o principal índice brasileiro de ações tende a continuar se beneficiando indiretamente do vigor da China, que segue demandando fortemente matérias-primas como aço e metais.
Para o executivo, um desempenho ainda melhor do Ibovespa pode ser contido por um fenômeno recente, a súbita volta das ofertas de ações, o que pode levar alguns investidores a vender alguns papéis no mercado à vista e usar os recursos para aplicar em novas entrantes. Em pouco mais de um mês, só de ofertas iniciais (IPO, na sigla em inglês), a fila de pedidos de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) incluiu Banco Santander, Cetip, Tivit, Direcional Engenharia e Brazilian Finance & Real Estate. Mas em vez de representar um perigo, o apetite de novas empresas pelo mercado de capitais seria para outros analistas um reforço à visão de que a poeira pós-crise baixou em definitivo.
Por isso, alguns já começam a enxergar uma melhora ainda mais acentuada no ano que vem. "Há uma tendência ascendente clara para o Ibovespa. Está se preparando para um 2010 melhor ainda", disse Álvaro Bandeira, diretor da Ágora Corretora. Opinião distinta No segundo pelotão, minoritário, um cenário de descasamento entre a escalada das bolsas e o comportamento ainda frágil da economia, crédito caro e escasso, desgaste dos incentivos governamentais e soluços de inflação surgem entre os alertas de que o momento pode ser propício para realizar lucro com ações.
"É difícil ver qualquer outra coisa a não ser contínua deterioração, mesmo que em ritmo menor, na demanda e no investimento", comentou a chefe da área de pesquisa da corretora Fator, Lika Takahashi, em relatório no qual previu que o Ibovespa cairá para 51 mil pontos em dezembro.