Alta dos juros deve aumentar calote no país

Previsão do mercado é que taxa básica, a Selic, suba para 9,25% nesta semana

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Dois fenômenos influenciam a percepção de que a inadimplência poderá voltar a crescer: o número de pessoas endividadas aumentou e o cenário dos juros começou a mudar. A procura por financiamento, segundo a Serasa, bateu recorde no mês passado na comparação com fevereiro – porque março tem mais dias que fevereiro e porque o consumidor se apressou para aproveitar a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de automóveis, móveis e linha branca. Em relação a fevereiro do ano passado também houve um crescimento histórico. No outro extremo, o Banco Central deve começar a elevar sua taxa de juros – a Selic, que serve de referência para o estabelecimento das taxas cobradas no mercado – neste mês. Isso deve afetar o bolso de quem tem financiamentos com taxas pós-fixadas, como cartão de crédito por exemplo. Segundo o boletim Focus, relatório de mercado divulgado pelo Banco Central, a taxa deve subir dos atuais 8,75% ao ano para 9,25%. A reunião ocorre nesta próxima quarta-feira (28) e se as previsões forem confirmadas, a tendência é que os bancos já repassem o aumento para o consumidor por meio das taxas de juros dos financiamentos. Para o gerente de indicadores de mercado da empresa de análise de crédito Serasa, Luiz Rabi, o efeito dessa mudança, no entanto, não será uma interrupção acentuada na demanda por crédito nem uma disparada na inadimplência: os dois movimentos no crédito serão moderados. - O BC inclusive vai elevar os juros para conter o aumento do crédito, que vinha avançando a 120 km/h. A demanda vai continuar a crescer, mas em ritmo menor; o mercado de trabalho vai continuar a se expandir. O que vai haver é um reajuste. “Bom comportamento” Apesar do tropeço esperado para os próximos meses, o comportamento da inadimplência é bom, em razão da influência positiva de fatores como o cenário positivo do mercado de trabalho e o aumento da massa salarial, avalia o presidente da unidade de negócios de pessoas físicas e jurídicas da Serasa, Laércio de Oliveira Pinto. - A inadimplência está muito bem comportada, e isso se dá pelo fato de que temos o desemprego sob controle, em torno de 7%, um cenário de melhoria de renda e a economia em atividade. Tudo isso faz com que o consumidor tenha mais confiança por não ver um risco de desemprego no curto prazo e tenha uma atitude mais propensa ao consumo. Segundo ele, o cenário de aumento de juros deve levar os bancos a olharem com mais atenção tanto prazos de oferta de crédito e os consumidores a prestarem mais atenção em seus orçamentos domésticos, para “não cair em um processo de endividamento mais grave”. O diretor de crédito para veículos e imóveis do Itau Unibanco, Marcos Vanderlei Bellini Ferreira, disse que a mudança no cenário dos juros deve afetar o crédito à pessoa física entre o fim do primeiro semestre deste ano e o início do segundo, mas destacou que a tendência é de que a inadimplência recue novamente depois, devido ao cenário econômico positivo.

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