Depois do cartão de crédito, as empresas aéreas investem cada vez mais em programas de parcelamento de bilhetes para conquistar clientes da classe média. A Gol, por exemplo, oferece prazos de até 36 meses para pagar a passagem.
A TAM financia em até 24 vezes. As aéreas querem, com isso, conquistar pelo menos 30% das classes C e D, ou seja, uma população estimada em 100 milhões de pessoas que ganham entre R$ 804 e R$ 4.807. A TAM fechou um acordo com a Caixa Econômica Federal para dividir o valor da passagem em até 24 vezes.
Em março, o presidente da empresa, Líbano Barroso, explicou que a medida vai ajudar o consumidor a contornar um aumento neste ano de pelo menos 5% no preço de passagens nacionais e de 10% nas tarifas internacionais, que são calculadas em dólares. Já a Gol conta com o Voe Fácil, programa próprio de parcelamento de bilhetes em até 36 vezes. O diretor comercial da empresa, Eduardo Bernardes Neto, conta que o sistema já é utilizado por 2 milhões de pessoas e consegue “trazer para o transporte aéreo um público que não viajava de avião”.
- O Voe Fácil está focado nas classes C e D. Nossas pesquisas mostram que mais de 80% dos clientes do programa estão voando pela primeira vez. O executivo da Gol afirma que “novos produtos estão sendo estudados dentro do Voe Fácil”. Uma das novidades que estão em estudo é a compra pré-paga. Essa modalidade permitiria ao consumidor pagar as passagens em parcelas antes da viagem.
A Webjet também tem seu programa próprio de parcelamento de passagens: o Vai Voando. Com o recurso, o passageiro pode comprar em até 12 vezes sem juros, mas a venda é exclusivamente pré-paga. Na modalidade, o consumidor não precisa comprovar renda. Basta imprimir os boletos bancários em casa e começar a pagar, explica o diretor de vendas da empresa, Alcimar Ribeiro. - O interessante do programa é que podem viajar pessoas que não têm crédito, como quem está com o nome no SPC [Serviço de Proteção ao Crédito], ou não conseguem comprovar renda.
A qualquer tempo e hora o cliente pode desistir [da compra] e pedir o reembolso. Ou ele pode usar o crédito e comprar passagem para outro destino. A Azul Linhas Aéreas também parcela passagens. A empresa, que atua em 20 cidades brasileiras, divide as compras em dez vezes sem juros. A Azul Viagens, a agência de turismo da empresa, oferece as mesmas condições de parcelamento para seus pacotes. Para se cadastrar no programa da Gol, o interessado precisa apresentar renda mensal a partir de um salário mínimo (R$ 510).
É necessário também preencher um formulário com dados pessoais no site da companhia. Juros Antes de parcelar a passagem aérea, o consumidor deve ficar atento para as taxas de juros. O Voe Fácil da Gol, por exemplo, cobra taxa de 5,99% ao mês. Uma compra de R$ 2.000 parcelada em 36 vezes, por exemplo, gera parcelas mensais de R$ 136,63, e um total de R$ 4.918,68 no final do prazo. Se o cliente pegar um empréstimo pessoal, a mesma passagem pode ficar mais em conta.
De acordo com a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), os juros médios deste tipo de crédito ficaram em 4,79% ao mês em abril. Considerando esta forma de pagamento, o consumidor desembolsa um total de R$ 4.234,68 ao final de 36 meses de financiamento. As piores maneiras de parcelar, segundo a Anefac, são o cartão de crédito, que cobra em média 10,69% de juros ao mês, e o cheque especial, com juros de 7,4% ao mês.