Dono de carro que matou jovem de 21 anos se recusa a depor

Veículo dele foi apreendido na última quinta (4) com marcas de colisão.

Ana Carolina Cópia Teixeira. | Arquivo Pessoal
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

O proprietário do veículo suspeito de atropelar a jovem Ana Carolina Teixeira, de 21 anos, compareceu, na manhã desta terça-feira (9), ao 7º Distrito Policial de Santos, onde o caso está sendo investigado. A jovem foi atropelada no dia 23 de setembro, por volta das 4h, quando voltava do trabalho.

O motorista chegou na delegacia acompanhado de dois advogados que vieram de São Paulo. Ele não falou com o delegado e disse que só irá prestar depoimento diante de um juiz. Segundo a Polícia Civil, ele é empresário e tem um apartamento em Santos, onde estava no fim de semana em que Ana Carolina foi atropelada. As imagens da câmera de monitoramento de um prédio mostraram o carro envolvido no atropelamento da jovem.

Na última quinta-feira (4), o veículo foi encontrado em uma oficina mecânica de Santos, onde passava por reparos. O carro apresentou vários sinais que apontam uma colisão, já que está com o capô amassado, sem o farol do lado direito e com o para-brisa quebrado.

Durante as investigações, o que mais chamou a atenção da polícia é que um boletim de ocorrência de furto foi registrado um dia depois do atropelamento. No documento, os proprietários do veículo afirmavam que o carro tinha sido roubado no dia em que Ana Carolina foi atropelada.

"Temos indícios de que o carro não foi furtado. Acreditamos que houve uma falsa comunicação de crime e estamos apurando. Temos imagens do automóvel dentro de um prédio, o que mostra que o carro estava na posse do proprietário.

As imagens também irão para a perícia", explicou o delegado na quarta-feira. Segundo Mazetto, o condutor poderá responder pelos crimes de homicídio culposo, omissão de socorro, fuga do local do acidente e falsa comunicação de crime. A advogada do proprietário do veículo, Flávia Leardini, esteve neste dia no 7º Distrito Policial para conversar com o delegado, mas não quis comentar o caso.

A polícia já ouviu uma testemunha considerada importante para a solução do caso. O homem, que preferiu não ser identificado, afirma que viu o carro que teria atropelado a garota chegar ao prédio de madrugada. ?Eu vi o carro prata, o Logan, com a frente amassada, farol quebrado, o para-brisa estilhaçado, entrando na garagem do prédio que fica na praia. Foi por volta de 5h15, 5h20?, disse ele.

As primeiras imagens recolhidas pela Polícia foram feitas por câmeras de monitoramento da Rua Governador Pedro de Toledo e mostraram o atropelamento. Na gravação é possível identificar que um carro prata atingiu Ana Carolina.

Caso e mobilização

Ana Carolina Teixeira, de 21 anos, foi atropelada no dia 23 de setembro quando voltava do trabalho, por volta das 4h. Ela foi surpreendida por um veículo em alta velocidade na rua Governador Pedro de Toledo.

O motorista que estava no carro não prestou socorro à vítima, que foi levada para a Santa Casa de Santos e passou por uma cirurgia por causa de um traumatismo craniano. A jovem permaneceu internada mais de uma semana na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital em coma induzido, até sofrer uma parada cardíaca e morrer.

Na quarta-feira (26), dias depois do acidente, amigos de Ana Carolina se mobilizaram em uma rede social para conseguir doações de sangue. Apenas na quarta, 59 pessoas foram até o hospital doar sangue em nome dela. Em uma das mensagens colocadas na rede social, mais de 2 mil pessoas compartilharam a ação, e o número de doadores não parou de crescer. Segundo a Santa Casa de Santos, o acidente com a jovem mobilizou um número recorde de doadores na cidade. Foi o maior movimento dos últimos cinco anos no local.

No enterro da jovem, que aconteceu na segunda-feira (1), no Cemitério do Saboó, em Santos, o sentimento de revolta estava presente entre amigos e familiares da vítima.

"Infelizmente parece que a vida não tem mais valor. Parece que é só uma palavra. A morte dela não pode ficar como mais um número na estatística. Não pode cair no esquecimento. O cara não teve nenhuma decência de ligar para o resgate. A família precisa procurar um advogado para dar sequência ao processo. A história não pode morrer com ela", disse Luiz Henrique Nalin, um dos amigos mais próximos da garota.

No último sábado (6), diversas pessoas se reuniram na Praça das Bandeiras, para fazer uma manifestação relacionada com a morte de Ana Carolina Teixeira. A mãe de Ana Carolina, Glaucia Copia, chegou a ação com diversos ramalhetes de rosas brancas que foram distribuídas entre os parentes e amigos da jovem. Segundo Glaucia, a ação pede paz e mais cuidado no trânsito. ?O que a gente quer é passar uma mensagem de que as pessoas precisam ser mais conscientes no trânsito. Eles pegam o carro inconscientemente?, diz ela.

A mãe da vítima disse que irá lutar para que o condutor do veículo que atropelou sua filha tenha punições mais severas. ?A vida da minha filha não vale 10 cestas básicas. Ele tem que ficar preso. É um assassino como outro qualquer. Ele acabou com a minha vida, ele tirou a única coisa que eu tinha. Meu coração já não está pulsando mais?, disse.

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES