Peritos da Polícia Civil de Porto Alegre e de Santa Maria vistoriaram na manhã desta segunda-feira (28) o carro de um dos donos da boate Kiss, Elissandro Calegaro Sphor, que foi detido por determinação judicial em um hospital em Cruz Alta. O veículo, uma caminhonete F-250 branca, foi abandonada por Sphor, conhecido por Kiko na cidade, após a tragédia. Outros dois detidos são integrantes da banda que tocava no local. A tragédia matou 231 jovens.
O empresário estava na festa quando o incêndio ocorreu e, devido a tentativas de agressão de vítimas e familiares, abandonou o carro no estacionamento de um supermercado em frente à boate, onde o veículo já estava estacionado, segundo o delegado Sandro Meinerz. "Ele disse que deixou o local de carona, por medo de retaliações", afirmou o delegado.
A perícia isolou o carro e também um pequeno reboque que continha instrumentos da banda. Na madrugada, o delegado mandou os policiais arrombarem um cadeado que fechava o reboque. A suspeita era que poderia haver mais sinalizadores, mas só foram encontrados instrumentos musicais.
Os veículos que se encontram no subsolo do estacionamento foram numerados com etiquetas pelos policiais, pois podem ser de vítimas da tragédia. Tanto o carro de Sphor quanto o reboque não podem ser retirados do local sem autorização e a investigação está procurando familiares dos proprietários dos demais veículos.
Elissandro Sphor, conhecido como Kiko, um dos donos da casa noturna, foi preso em um hospital de Cruz Alta. O vocalista e um responsável pela segurança do palco da banda foram detidos na cidade Mata. Segundo o Hospital Santa Lúcia, de Cruz Alta, Elissandro está em estado regular por ter inalado fumaça e deve seguir internado por dois dias. De acordo com a polícia, ele sai direto do hospital para Santa Maria.
Eles tiveram o pedido de prisão temporária de cinco dias decretada pelo juiz Regis Adil Bertolin durante a madrugada desta segunda-feira. O vocalista do grupo que se apresentava no momento do incêndio foi detido durante o velório do gaiteiro Danilo Jaques, no município de Mata, na região central. O segurança da banda também foi localizado na cidade.
O outro proprietário da casa noturna também teve prisão temporária decretada, mas ainda não foi localizado pela polícia. A previsão é que ele se apresente ainda nesta segunda.
O advogado de um dos donos da boate, Jader Marques, afirmou que viajará para Cruz Alta, onde Kiko Spohr está internado, e ressaltou que seu cliente está à disposição da polícia apesar da prisão temporária.
?Estou viajando para ter contato com meu cliente e o que eu sei é que sempre houve desde ontem a disponibilidade de colaborar e de estar cooperativo com o trabalho da polícia. Indepentende da prisão, do decreto, ele continuará à disposição da polícia para qualquer esclarecimento?.
Em depoimento à Polícia Civil, Sphor disse que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação. Ele também culpou a banda Gurizada Fandangueira pelo início do incêndio, segundo o delegado Sandro Meinerz.
O dono da boate Kiss também negou tenha ordenado aos seguranças que impedissem a saída dos jovens da festa na hora que o fogo começou. Sphor, que estava na boate quando a tragédia ocorreu, negou ainda ter retirado do local o computador que armazenava as imagens gravadas pelas câmeras de segurança da boate. O gravador sumiu do local, segundo Meinerz, responsável pelo caso.