Assim como a Aids, a Hepatite C é causada por um vírus, pode ser considerada uma DST e é ser transmitida pelo sangue. Mas as semelhanças param aí. Ambas diferem desde a principal forma de contágio até a atenção dispensada pelo Ministério da Saúde para o tratamento.
Enquanto a Hepatite afeta de 3 a 4 milhões de brasileiros, a Aids atinge seis vezes menos que isso, ou seja, aproximadamente 600 mil pessoas no país. A doença geralmente é assintomática, o que favorece o desconhecimento do problema pela maioria dos infectados.
Segundo explica o infectologista Kelsen Eulálio, a hepatite tem duas fases, sendo uma aguda e outra crônica. Na primeira, somente 20% das pessoas apresentam icterícia (cor amarelada da pele e das mucosas). Como os sintomas não se revelam, a maioria dos casos se cronificam. ?Já a hepatite crônica pode evoluir para cirrose hepática ou câncer de fígado?, disse o médico.
Mesmo com todos esses riscos e sendo constatado que mais pessoas são infectadas com o vírus da hepatite C, o Ministério da Saúde disponibiliza 33 vezes mais recursos para tratar da Aids. Estima-se que, em 2010, a despesa total com medicamentos contra hepatite seja de R$ 173 milhões, enquanto os gastos com remédios contra a Aids são de R$ 644 milhões por ano.
Essa displicência da saúde pública com o problema, é questionada por integrantes do Grupo Otimismo de Apoio a Portadores de Hepatite C. Os números citados em relação às despesas do Ministério da Saúde são um levantamento feito por Carlos Varaldo, presidente do Grupo.