A nova edição do jornal francês "Charlie Hebdo", que começou a ser vendida nesta quarta-feira (14), já se esgotou em toda a França, anunciaram os distribuidores. Conhecida como "edição dos sobreviventes", ela foi elaborada por colaboradores do semanário que sobreviveram ao ataque ao jornal na semana passada e que trabalharam na redação do "Libération".
Desde as primeiras horas do dia, os franceses formaram filas para comprar o exemplar da revista satírica. De acordo com o jornal "Le Figaro", em algumas bancas os exemplares se esgotaram em aproximadamente 10 minutos.
"Não há mais", repetiam incessantemente muitos jornaleiros parisienses antes das oito da manhã, provocando a decepção dos clientes.
"Tinha uma fila com entre 60 e 70 pessoas esperando quando abri", disse a dona de uma banca de jornais de Paris. "Nunca vi algo assim. Vendi 450 exemplares em 15 minutos".
Por isso, a distribuidora do jornal aumentou a tiragem da edição dos 3 milhões previstos inicialmente para 5 milhões de exemplares. "O editor decidiu nesta manhã aumentar a tiragem a 5 milhões", declarou Véronique Faujour, presidente da distribuidora MLP. Serão distribuídos 500 mil exemplares diários, o que permitirá abastecer todas as bancas que pedirem, afirmou.
Os pontos de venda continuarão recebendo exemplares todos os dias até 19 de janeiro.
A capa, como foi divulgado na noite da última segunda-feira (12), traz a frase "Tudo está perdoado" e mostra um desenho do profeta Maomé com uma lágrima nos olhos, carregando um cartaz com a frase "Je suis Charlie" ("Eu sou Charlie"), lema das manifestações que lotaram as ruas da França no domingo, em homenagem às vítimas dos atentados da semana passada em Paris.
Este número, que será traduzido em cinco línguas - incluindo em árabe e turco - saiu no início com 3 milhões de exemplares, aumentados depois para 5 milhões, bem acima dos 60 mil usuais. Excepcionalmente, a edição ficará à venda por duas semanas em mais de 20 países. Ela foi preparada apenas por membros da equipe do jornal e não inclui desenhos de desenhistas externos que publicaram incontáveis esboços em homenagem às vítimas depois do atentado.
Gérard Biard, chefe de redação do semanário, disse que o Maomé apresentado na capa é "muito mais simpático que o empunhado pelos homens que dispararam". O cartunista Luzier, conhecido como Luz e autor das imagens da capa e da contracapa, disse que o Maomé apresentado "é, antes de tudo, um homem que chora". "Eu escrevi 'tudo é perdoado' e chorei", disse à imprensa na sede temporária do jornal, localizada no diário "Libération". "Esta é a nossa primeira página. Não é aquela que os terroristas queriam que desenhássemos", disse. "Não estou nem um pouco preocupado. Eu confio na inteligência das pessoas, a inteligência do humor". O desenhista também disse que o "Charlie Hebdo" continuará a ser publicado, mesmo sem saber "como, com quem e com que meios".
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