O assassinato do casal Von Richthofen pela filha, por seu namorado e pelo irmão dele ficou bem próximo de virar filme justamente no dia em que o crime, um dos mais conhecidos das páginas policiais do Brasil, completou 12 anos.
Na última sexta (31), o diretor Fernando Grostein Andrade ("Na Quebrada", em cartaz) comprou os direitos de adaptação para o cinema do livro "Richthofen: O Assassinato dos Pais de Suzane" (ed. Planeta), de Roger Franchini.
"É uma história pública, mexeu com a cabeça de todo o Brasil", diz Grostein, 33, que conta colecionar histórias de parricídios por "interesse e curiosidade". "Ainda não tenho hipótese sobre o que levou àquele assassinato. Mas o mais perto dela estará na tela."
Na madrugada de 31 de outubro de 2002, Manfred e Marísia von Richthofen foram assassinados a golpes de barra de ferro em sua casa em São Paulo. A filha, o então namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, confessaram o crime —eles foram condenados como executores e ela, como mentora.
A ex-estudante de direito pegou 38 anos e seis meses de reclusão. Os irmãos cumprem pena no regime semi-aberto. Desde então, causam comoção todos os passos de Suzane, 31, que no mês passado abriu mão da herança dos seus pais. Seu casamento com uma colega de presídio condenada pelo sequestro e morte de um adolescente foi tema nacional na última semana.
Grostein e Franchini trabalham no roteiro, sem previsão de conclusão. Boa parte da trama deverá se passar na noite do crime, segundo o autor do livro. "O Fernando quer fazer uma coisa sanguinária, que é o meu desejo também. Não queremos ser condescendentes nem com o espectador", diz Franchini, que foi investigador da Polícia Civil e já escreveu livros sobre outros crimes notórios, como o assalto ao Banco Central de Fortaleza.
O diretor, que já rodou documentários com Caetano Veloso e FHC, diz que uma conversa com Suzane está nos planos. "Tenho a minha veia documentarista, adoro conversar e ouvir pessoas."
REALIDADE E FICÇÃO
No livro "Richthofen: O Assassinato dos Pais de Suzane", o autor romanceia o envolvimento da moça com os irmãos Cravinhos, imaginando diálogos com base nos depoimentos do processo. Inclui também capítulos conduzidos por três policiais fictícios escalados para desvendar o caso.
Esses personagens estão mantidos no roteiro atual, da mesma forma que os pais assassinados. "O casal Richthofen tem presença forte, não necessariamente física, mas eles estão ali", afirma Franchini, sem dar mais detalhes por "questão contratual".
"Quando o livro saiu, em 2011, ouvi críticas de que a tinha humanizado, de que não a tinha tratado como o monstro que ela é. Mas não tenho interesse no psicologismo de um sociopata." Já Grostein diz que o seu interesse é justamente o "suspense psicológico". "Gosto de explorar o limite da alma das pessoas."
Em 2013, outro crime famoso foi adaptado —no caso, para os palcos— e gerou polêmica. A peça teatral "Edifício London", escrita por Lucas Arantes com base no assassinato da menina Isabella Nardoni, foi proibida pela Justiça paulista de estrear.
Grostein diz ter noção desse risco. "É por isso que não posso falar sobre lançamento. Precisa de muita reflexão.
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