Criado desde a década de 70, o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta sexta-feira, 05 de junho, tem como objetivo conscientizar a respeito da importância de preservar os recursos naturais, criando uma postura crítica e ativa em relação aos problemas ambientais existentes no planeta, como o uso consciente e racional da água. Preservar o meio ambiente é um ato importante para todos os seres que habitam a Terra. Afinal, é nela que estão os recursos naturais necessários para a sobrevivência, como água, alimentos, vegetação e matérias-primas. Sem esses recursos, todas as formas de vida do planeta poderão acabar.
Culturalmente tratado como um bem infinito, a água é um dos recursos naturais que mais tem dado sinais de que não subsistirá por muito tempo às intervenções humanas no meio ambiente e às mudanças do clima, tudo criado através do mito da abundância. Pedro Alves, gerente de sustentabilidade da Águas de Teresina, destaque que existe esse conceito que a maior parte da Terra tem água, que cerca de 75% do globo terrestre está coberto por água, contudo o que pode ser explorado chega a apenas 1%, portanto é preciso pensar a água como um bem finito, durável e precioso.
“Se formos pensar bem, nós temos apenas 2% da água potável disponível no planeta possível de ser explorada, que engloba também as fontes de água, superficiais ou subterrâneas, então o que sobra para gente trabalhar é um pouco mais de 1% e isso é algo que tem que nos alertar para o uso consciente da água. Os nossos mananciais são bastante agredidos, é muito importante o uso responsável desses mananciais, isso vai desde a consciência humana até o desenvolvimento de ações sustentáveis de exploração”, afirma Pedro Alves.
Ao longo da existência humana, muitos recursos naturais foram sendo degradados. Isso ocorreu por meio do descarte de lixo e esgoto em rios e mares; crescimento desordenado das cidades, gestão hídrica inadequada, queima e destruição de matas e florestas. O resultado disso é o aquecimento global, alterações do ciclo natural de animais e plantas, falta de água, poluição do ar e água. No futuro, isso tudo pode ser ainda pior, com a ausência de água potável, energia elétrica e alimentos, além de muitos problemas sociais.
Teresina reduz perda de água de 64,1% para 43,3%
Pedro Alves destaca que a responsabilidade social é mais que um valor para a Águas de Teresina. A atuação social e ambientalmente responsável faz parte da história e do propósito da operadora, além de representar um compromisso de longo prazo com a sociedade. Por esse motivo, procura constantemente aproximar das comunidades, especialmente em territórios de maior vulnerabilidade social, contribuindo para uma agenda comum de desenvolvimento focada nas pessoas.
“A Águas de Teresina tem diversos programas de educação ambiental na parte de socioambiental, temos programas direcionados para crianças, adolescentes e jovens, para despertar a conscientização em prol do meio ambiente, temos também programas junto aos líderes comunitários e temos uma série de ações para trabalhar a consciência ambiental”, afirmou.
O gerente de sustentabilidade enfatiza ainda que há um trabalho forte na parte de redução de perdas. Desde o início da concessão, há três anos, a concessionária já conseguiu uma redução das perdas de água de 64,1% para 43,3%. “Na área urbana da capital, diariamente, 292.915 milhões de litros de água são distribuídos e antes 64% de tudo que era produzido se perdia antes de chegar nas torneiras. Hoje esse patamar já está em quase 44% e o grande desafio que temos até o fim da concessão é chegar a 25%, que é um nível considerável nacionalmente”, pontuou.
Outro aspecto importante nas soluções de sustentabilidade é a qualidade da água. Para esse acompanhamento, por mês, a empresa chega a realizar 24 mil análises de controle. A rotina de coleta de amostras é diária e ocorre em diversos pontos da cidade, com análises físicas, químicas e biológicas. “Hoje nós temos um rigoroso acompanhamento da qualidade da água, fazemos testes e análises para acompanhar a água desde a captação até o ponto de distribuição. Nós acompanhamos como a água está para garantir uma qualidade de primeira para toda população”, finaliza.
Comitê permitirá que sociedade participe de decisões no PI
Para a ambientalista Tânia Martins, da Rede Ambiental do Piauí (Reapi), a água é dos recursos naturais que mais sofre impactos negativos por uma série de causas, mas a principal é o descaso das pessoas, uma vez que não se pode botar culpa somente nos gestores. “Todos têm responsabilidade, notadamente que o poder público e a classe política devem ser responsabilizados, porque são quem deveriam criar mecanismos para preservar e cuidar da água, promover a universalização da mesma, o saneamento básico e criar mecanismos de proteção”, disse.
A ativista classificou a situação do Meio Ambiente como crítica, pois segundo ela, ainda falta uma campanha de conscientização e fiscalização das políticas públicas voltadas ao setor. “No momento estamos preocupados com o governo atual, em nível federal que passou o controle da água o Ministério da Integração Regional cujo objetivo, se entende, seja para negociar e controlar a água, de modo que ela não seja distribuída democraticamente, ou seja, grandes indústrias, o agronegócio pode, no futuro próximo, serem privilegiados com a privatização da água”, frisou.
A nível de Piauí, Tânia ressalta que ainda existem muitos problemas de distribuição, controle, contaminação de água, mas, há uma esperança de contornar esses impactos com a instalação do comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba. “O comitê já está em fase de implantação e com ele, a sociedade vai poder participar mais das decisões envolvendo o uso da água que deve ser eternamente múltiplo”, avaliou.
Expedição revela beleza e potencialidades do rio Parnaíba
Luciano Uchôa, que é um apaixonado pelas questões ambientais e pelo turismo de natureza, lembra que de toda a água existente no planeta, cerca de 97,4% estão nos oceanos, portanto, salgadas, com isso sobram apenas 2,6% de água doce, sendo que destes 2,6%, tem-se 1,8% congelada em geleiras, topo das montanhas, restando então 0,8% de água doce em estado líquido. Em suma, para cada 1.000 litros de água existente na Terra, tem-se apenas 8 litros de água doce na forma líquida e que são encontradas em rios, lagos e em quantidade substancial, nos subsolos.
“Neste sentido, urge que tenhamos um olhar minucioso quanto à proteção das nossas águas, recurso este de extrema importância para a sobrevivência da nossa espécie e dos demais seres existentes, mas que na prática não recebe um olhar atento e protetivo de grande parte da nossa sociedade, que insiste em creditá-la como recurso ilimitado”, declarou.
Voltando a atenção aos rios que banham o Piauí, por exemplo, mais precisamente no maior rio nordestino, o majestoso Parnaíba. Este curso perene de água tem incríveis 1.485 km de extensão, nascendo no extremo sul do estado e tendo como foz o Oceano Atlântico, formando o único Delta em mar aberto das Américas. Luciano, juntamente com os amigos Moisés Sabá e Maurício Sepúlveda, já tiveram a oportunidade de navegá-lo em toda a sua extensão, remando através de caiaques na Expedição Rio Parnaíba, mas, o que foi encontrado ao longo deste mundo de água doce?
“Nas cabeceiras do rio vimos águas transparentes, vivas, pujantes que correm rápido e majestosas. Nesta bela região, a presença do ser humano é rara e as únicas fontes agressoras são as fazendas de gado, o fogo e o agronegócio que espreita ferozmente as nascentes do Parnaíba. Descendo o rio, começam a aparecer as cidades e a presença humana fica mais forte, mais atuante, mais destruidora, ao mesmo tempo que somem as matas ciliares e aparecem assoreamento em grande parte do Velho Monge. Em Teresina ele agoniza, é inundado por esgoto e sofre até chegar ao Atlântico, bancos de areia tomam a vastidão do canal d’água e por pouco o rio não é cortado. Que pena! Em Teresina, temos ainda um outro rio que padece, o Poti. Rio que nasce no Ceará, corta a Serra da Ibiapaba, forma um imponente Cânion, abriga a floresta fóssil, mas passa cabisbaixo pela capital do Piauí”, analisa.
Segundo o ambientalista, os rios Parnaíba e Poti, além de inúmeros outros, detentores e provedores de vida, são locais de possíveis práticas do ecoturismo, lugares para se remar, lugar de lazer e contemplação, lugar que há de se respeitar. “Creio eu que há que se pôr termo na invisibilidade dos rios, pois na verdade os observarmos muito pouco, olhando de soslaio ao passar pelas pontes, precisamos vê-los e senti-los, pois é a partir das vivências e do contato que se pode surgir um sentimento de amor e de proteção para com estes mananciais de água e para a natureza como um todo”, finaliza.