Dia do amigo: conheça a carta de Vinícius de Moraes escrita para Tom Jobim

Nesta quinta-feira (20) é comemorado o dia do amigo. Nesta data vamos relembrar a carta de Vinícius de Moraes escrita para Tom Jobim.

Conheça a carta de Vinícius de Moraes escrita para Tom Jobim | Reprodução
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Nesta quinta-feira (20) é comemorado o dia do amigo. A data é feita para nos relembrar o quão é bom ter amigos e aproveitar para demonstrar o nosso amor por eles. Nesse dia vamos relembrar a carta de Vinícius de Moraes escrita para Tom Jobim. Nela podemos ver o real significado de uma amizade. 

Confira a carta na íntegra.

"Caro Tonzinho, estou em Paris, num hotel com sacada sobre uma praça, que dá para toda solidão do mundo e diz:

Procura-se um amigo. Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimento, ter coração. Precisa saber falar e saber calar no momento certo. Sobretudo, saber ouvir. 

Deve gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do sol, da lua, do canto dos ventos e do murmúrio das brisas. Deve sentir amor, um grande amor por alguém, ou sentir falta de não tê-lo. Deve amar o próximo e respeitar a dor alheia. Deve guardar segredo sem sacrifício. 

Não precisa ser puro, nem totalmente impuro, porém, não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e sentir medo de perdê-lo. Se não for assim, deve perceber o grande vazio que isso deixa. Precisa ter qualidades humanas. Sua principal meta deve ser a de ser amigo. Deve sentir piedade pelas pessoas tristes e compreender a solidão. 

Que ele goste de crianças e lastime as que não puderam nascer e as que não puderam viver. Que goste dos mesmos gostos. Que se emocione quando chamado de amigo. Que saiba conversar sobre coisas simples e de recordações da infância. 

Precisa-se de um amigo para se contar o que se viu de belo e triste durante o dia; das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças d’água, de beira de estrada, do cheiro da chuva e de se deitar no capim orvalhado. Precisa-se de um amigo que diga que a vida vale a pena, não porque é bela, mas porque já se tem um amigo. 

Deve ter um ideal e medo de perdê-lo. Deve ser Don Quixote sem contudo desprezar Sancho. Precisa-se de um amigo para se ter consciência de que ainda se vive.”

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