O mês de dezembro é tradicionalmente conhecido por apresentar as primeiras chuvas do período e uma temperatura mais agradável para os piauienses. No entanto, o Natal foi quente, ensolarado e com poucas ventanias na maior parte dos municípios do Estado. Nem mesmo o extremo Sul do Piauí, que começa seu período chuvoso em novembro, ficou livre das altas temperaturas. O mês de dezembro registrou cinco vezes menos chuvas que o mesmo período em 2018.
A meteorologista Sônia Feitosa relata que a previsão contava que em novembro e dezembro o estado teria chuvas abaixo da média, e isso se confirmou.
"Praticamente não choveu. Ocorreram chuvas esporádicas e às vezes, claro, uma grande chuva. Mas isso não caracteriza um período chuvoso bom, de fato, dezembro choveu abaixo da média em todo estado do Piauí", explica.
Crédito: José Alves Filho
Na capital, Teresina, o período das chuvas acontece no último mês do ano, mas isso não aconteceu nos céus da cidade. Nos próximos dias é provável que aconteça o mesmo que ocorreu no dia 24. Apenas pingos de chuva, diferente do extremo Sul do Estado, que pode ser surpreendido com temporais pontualmente fortes.
"Chuvas pontualmente fortes são aquelas que acontecem naquele núcleo de uma cidade e em outra próxima. Essa é uma característica das condições meteorológicas que atuam agora", relata.
O que preocupa a meteorologista no decorrer desta época é a ausência da Zona de Convergência do Atlântico Sul, mais conhecida como ZACAS.
"Elas vêm se formando e depois se afastam, como aconteceu agora. Havia um canal de umidade que iria provocar boas chuvas, mas logo se deslocou", explicou.
Predomina no Piauí uma massa de ar seco, que também está sobre o restante do Nordeste brasileiro. "Esse Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), às vezes é essa massa de ar seco, está inibindo as chuvas e por isso o estado do Piauí e no Nordeste quase todo, salvo o litoral, não está chovendo e as temperaturas estão bem elevadas", falou Sônia Feitosa.
O motivo das elevadas temperaturas é justamente o problema central: a ausência de chuvas. O mês de novembro foi muito quente e agora o mês de dezembro faz o mesmo percurso, diferente dos anos anteriores. "Para o Ano Novo, a tendência é que haja chuva isolada ou até mesmo a falta delas. Essa condição de pouca chuva e massa de ar seco é por conta da neutralidade das águas dos oceanos. Quem determina todo o clima são as condições climáticas, na realidade, a interação oceano e reação atmosférica", disse a climatologista.
No momento, as águas do Oceano Pacífico estão em estado neutro, porque não estamos nem na condição de El Niño, fenômeno resultante do aquecimento anormal das águas do Pacífico na costa litorânea do Peru, onde geralmente as águas são frias, nem na La Niña, fenômeno que é exatamente inverso, ela representa um esfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, em virtude do aumento da força dos ventos alísios.
Diante disso, as águas do Pacífico estão dentro da neutralidade e tudo pode acontecer. "Essas chuvas não vão depender das águas do Pacífico, mas sim do Oceano Atlântico. E as águas desse oceano vão ofertar mais chuvas quando o Atlântico Sul estiver mais aquecido, o que não está acontecendo agora", expressou Sônia.
A tendência é que em janeiro, na primeira quinzena, as chuvas sejam melhores e aumentem. Mas ainda assim, o mês não promete chuvas acima da média, vai variar do normal a abaixo da média, mesmo não tendo chuva em novembro e dezembro.