A Polícia Civil de Minas Gerais descobriu e vai autuar uma quadrilha suspeita de aplicar golpes por meio de uma empresa de construção civil em Belo Horizonte. De acordo com as investigações, em menos de dois anos de funcionamento, a suposta construtora, denominada Alphaville Constrular, teria causado um prejuízo de R$ 1 milhão em aproximadamente 130 pessoas, que buscavam realizar o sonho da casa própria.
O delegado Islande Batista, chefe do Departamento de Investigação de Crimes contra o Patrimônio, vai indiciar o casal Klederson da Cunha, 32 anos, e Alda Vieira Paulino da Cunha, 27 anos, além de Daniel Guimarães Paulino, 24 anos, e Lucas Guilherme Paulino, 19 anos, por estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Contudo, eles continuam em liberdade já que a Justiça negou os pedidos de prisão preventiva e de prisão temporária do Ministério Público.
Segundo o delegado, até momento, 18 clientes procuraram a polícia para denunciar as fraudes, mas a estimativa é que, dos cerca de 130 contratos firmados pela construtora, nenhum foi cumprido. "A empresa fazia panfletos e anúncios na internet prometendo a construção de casas pré-fabricadas e reformas em imóveis, que nunca chegaram a ser feitas", disse.
A delegada Paloma Boson, que comanda as investigações, afirmou que "as vítimas eram atraídas por preços abaixo do valor de mercado, além de um prazo curto de entrega do imóvel, que era estipulado em no máximo 45 dias pelos suspeitos".
O publicitário Fabrício Mourão Bastos, 35 anos, foi uma das vítimas. Ele comprou um terreno no bairro Vilarreal, em Sabará, na região metropolitana, e procurou o serviço de construção de casas pré-moldadas da construtora. Mas ao depositar R$ 30 mil como entrada pelo imóvel, ele começou a ter dificuldades de entrar em contato com os representantes da empresa. "Eu ligava para eles, mas o telefone não atendia. Quando eu conseguia falar coma Alda, ela propunha um acordo. Nunca diziam quando iam começar as obras", lembrou.
Conforme o contrato estabelecido, a empresa deveria começar as obras no dia 2 de junho deste ano, mas até hoje nada foi construído no local. Fabrício disse ainda que era constantemente ameaçado pelos suspeitos. "Eles se faziam de vítimas, chegaram a ameaçar a minha mãe. Diziam que iam nos processar", disse. "É terrível, o estresse foi muito grande. Eu nunca sabia quando iam começar a construção. Hoje moro com meus pais", contou.
As investigações começaram no dia 12 de agosto deste ano. A polícia já realizou mandados de busca e apreensão na casa e na empresa do casal, mas de acordo com a delegada, somente alguns computadores foram apreendidos. "Quando chegamos aos locais, parecia que eles já haviam levado todo o material, havia poucos imóveis e muita poeira", afirmou.
Ainda de acordo com a polícia, um dos suspeitos Klederson da Cunha, já responde por estelionato e por mais de 40 processos cíveis. Com o inquérito, os delegados esperam que novas vítimas apareçam.