Para os clérigos de plantão no Vaticano, existe uma guerra em curso, promovida pela ?mass mídia? e o alvo é o papa Bento XVI.
Depois da denúncia de ontem (confira post abaixo), ?referente ao caso do padre pedófilo Lawrence Murphy ( teria abusado de 200 crianças) e às imputadas omissões dos então cardeais Joseph Ratzinger e Tarcisio Bertone quando estavam à frente da Congressão para a Doutrina da Fè (ex- Santo Ofício da Inquisição), o jornal The New York Times voltou à carga.
Agora, o jornal norte-americano apresenta uma nova versão sobre o escândalo provocado pelo padre alemão Peter Hullerman, também acusado de pedófilia.
Diante de cenários a revelar histórias de abusos sexuais e apontar acobertamentos, como se nada tivesse acontecido, a prestigiosa revista Der Spiegel foi fundo. Ou seja, o Der Spiegel, ?diante das matérias do The New York Times e de o bispo da alemã diocese de Fulda haver reconhecido ?pesadas omissões? em episódios que escandalizaram o país?, coloca na sua manchete uma inquietante pergunta: ?Por que o papa Bento XVI não se demite ??
?2. Nova versão.
Depois do caso de abusos sexuais que vitimaram crianças do famoso coral da Catedral de Ratisbona, ?onde o irmão mais velho do papa era diretor musical e disse jamais ter ouvido falar de pedofilia?,vieram à tona os abusos cometidos pelo abade alemão Peter Hullermann. Então, especulou-se o atual papa Ratzinger, quando era arcebispo de Munique (março de 1977 a fevereiro de 1982), teria abafado o caso.
O abade Hullermann fora removido da diocese de Essen para a de Munique, em janeiro de 1980. Esse abade deveria realizar terapia em Munique, em face do seu envolvimento com a pedofilia. Mas, o abade acabou encaminhado a uma paróquia para desenvolver atividade pastoral, sem restrições. Em 1986, quando Ratzinger já havia assumido (1981), a convite do papa Wojtyla, a Congregação para a Doutrina da Fé, ex-Santo Ofício da Inquisição, o abade pedófilo, por outros abusos sexuais, foi condenado pela Justiça alemã: 18 meses de cárcere, com suspensão condicional da execução da pena (sursis).
O papa Ratzinger foi isentado pelo vigário geral de Munique. Referido clérigo, Gerhard Gruber, disse que o então arcebispo Ratzinger não sabia de nada e nunca havia tomado conhecimento do episódio a envolver o abade Hullermann. Frisou ainda que assumia toda a responsabilidade pelo encaminhamento do abade pedófilo a outra paróquia ao invés de enviá-lo a uma clínica para tratamento. O certo é que Hullermann nunca foi punido pela Igreja.
Para o The New York Times, a história foi outra, pois Ratzinger, em 20 de janeiro de 1980, recebera um documento da diocese de Essen sobre o caso Hullermann e nele constava a decisão de transferência para Munique para fins de tratamento. O jornal destaca que o tal documento, datado de janeiro de 1980, foi confirmado ?por duas fontes eclesiásticas?.
Com a matéria, o jornal quer demonstrar que Ratzinger tinha se inteirado do caso do abade Hullermann e que Gruber faltou com a verdade.
?3. Reação da Igreja.
O padre Federico Lombardi, uma espécie de assessor de imprensa do papa Bento XVI, classificou a matéria do The New York Times como ?mera especulação?, em cima de algo requentado e sobre o qual o monsenhor Gruber ?assumiu a plena responsabilidade da sua própria e errada decisão?.
?4. Giro de notícias pelo mundo.
O jornal espanhol El Mundo , no seu sitio web, trata da nova acusação inserida no jornal The New York Times e registra o desmentido por parte do Vaticano.
O britânico The Times, na sua página on-line, endossa a versão do The New York Times e reconstrói o acontecido com o abade Peter Hullermann que, ao invés de psicoterapia, foi enviado para atividade religiosa apostólica, sem restrições.
Para o francês Le Monde, conforme sítio web, o papa Ratzinger passa por ?momento delicado? em fase da multiplicação de casos de pedofilia que não deram em nada.
?5.PANO RÁPIDO. Por aqui, é intenso o vendaval do lado do rio Tevere, onde está incrustado o pequeno estado do Vaticano. Nas homilias da missa domenical os temas são apenas espirituais e ligados ao tempo penitencial da Quaresma. Enquanto isso, ecoam as palavras do padre Raniero Cantalamessa, da Casa Pontifícia: ? A Igreja, com humildade, sairá, desta guerra, mais esplendorosa do que nunca?. Espera-se, pois a linha do ?abafar? fere aos direitos humanos e passa a idéia de conivência.
A ?tolerância zero? proclamada por Ratzinger, com comunicações às autoridades laicas e colaboração nas investigações, é que melhor se enquadra à doutrina Cristã e conforta os católicos.
?Wálter Fanganiello Maierovitch?