Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que proíbe o transporte de passageiro alcoolizado – ou sob efeito de “qualquer substância psicoativa que cause dependência” – no banco dianteiro, ao lado do motorista.
O parlamentar Flávio Augusto da Silva, ligado a organizações religiosas conservadoras e católicas, entende que a Lei Seca também deve valer para o passageiro do banco da frente.
Para tanto, defende que “passageiro bêbado” comete legalmente uma infração gravíssima e deverá pagar multa. Além disso, se o PF for aprovado, o veículo poderá ser retido até que a irregularidade seja sanada (no caso, o bêbado expulso).
Segundo o deputado, o objetivo do projeto é impedir que a condução do veículo seja afetada por quem, ao lado do motorista e em “estado alterado”, tome atitudes que representem perigo para a segurança do trânsito.
Ânsia de vômito
Ele cita como exemplo o indivíduo embriagado que, por brincadeira, tenta movimentar o volante, atrapalhando o condutor.
E sugere que não esqueçamos o indivíduo embriagado que, com ânsia de vômito, tira a atenção do motorista.
Flavinho diz que há pelo menos dois países que adotam essa restrição: Macedônia e Bósnia-Herzegovina.
Nos Estados Unidos e no Canadá, lembra ele, o passageiro, esteja ao lado do motorista ou não, nem precisa estar embriagado para causar problemas ao responsável pela condução.
Reação popular
O site Votenaweb (https://goo.gl/aRxlj0) fez uma enquete de múltipla escolha sobre o projeto. Apenas 3% consideram a ideia relevante.
A maioria absoluta (89%) acha a iniciativa “sem noção”.
Pelo menos 2,4 mil pessoas já haviam se manifestado até ontem – o “Não”, por sinal, ganha com 2.070 votos, contra 373 pelo “Sim”.
Quem é Flavinho
Flávio Augusto da Silva nasceu em 1971 tem múltiplas funções: é apresentador de televisão, cantor, compositor, empresário, pregador internacional, escritor (com obras publicadas nos Estados Unidos, Colômbia, Chile e Panamá) e locutor. Além de deputado federal, claro.
É um dos fundadores da banda Canção Nova (sistema católico de comunicação) e diz estar no Congresso para defender que “os valores da família, da vida, da ética e da moral sejam respeitados, valorizados e preservados em nosso país”.
Em abril do ano passado, foi contra a criação da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara. Ele justificou: em vez de empoderamento, as mulheres querem ser “cuidadas”.
E afirmou, segundo o portal Fórum, que as parlamentares feministas não sabem o que é ser “amadas”.