Natural de Teresina, há três anos ela assumiu a importante missão de liderar a Delegacia do 3º Distrito Policial de Timon, no Maranhão, que atende uma grande parte da zona rural do município. Fernanda Chaves, delegada da Polícia Civil, estudou a maior parte da vida em escola pública e se preparou intensamente para se sair bem em um concurso público. Hoje, ela exerce um trabalho pautado no atendimento humanizado, no respeito e no desejo de proporcionar à população apoio e justiça.
A profissão é dinâmica. Ela despacha autos de inquérito policial e também realiza trabalho de campo, cumprindo mandados, investigando crimes e coordenando atividades policiais.
Com uma média de 15 atendimentos por dia, ela compartilhou que seu caminho para se tornar delegada foi construído através de muita coragem e estudo. "Quando terminei a faculdade de direito, queria fazer concurso público e surgiu o concurso para delegado do Maranhão, com 40 vagas, que eu decidi participar. Me dediquei, fiz a prova e passei”, declarou.
Ao ingressar na academia de polícia, Fernanda enfrentou algumas incertezas e a percepção de que a polícia civil era um ambiente predominantemente masculino, no entanto, ela encontrou sua vocação e hoje se dedica a proporcionar um atendimento humanizado e eficiente à comunidade.
"Na academia de polícia, tínhamos dificuldade ali porque os colegas falavam: 'eu sempre quis ser delegado, meu pai é delegado, eu já fiz dezessete concursos para delegado'. Eu estava ali me descobrindo, tentando ver se era o que eu queria”, comentou.
No exercício de suas funções, ela experimenta uma satisfação pessoal ao ajudar as vítimas e concluir os inquéritos criminais com base no atendimento que prioriza uma comunicação eficaz, a escuta ativa e a prestação de cuidados aos mais necessitados.
"Eu sinto uma satisfação muito pessoal quando eu consigo atender uma vítima ali, e conseguir concluir o inquérito, determinar a autoria e a materialidade daquele crime, porque ainda que o sucesso judicial vai demorar ou não, mas a nossa parte aqui a gente consegue concluir e a vítima tem uma sensação de justiça feita”, frisou.
Para a delegada, o acolhimento às vítimas é fundamental para promover uma mudança positiva na vida da comunidade e no dia a dia policial. Durante os atendimentos, ela faz questão de explicar o procedimento legal, as possibilidades e limitações do processo judicial, ou seja, uma forma demonstrar empatia, o que é essencial para que as vítimas se sintam compreendidas e apoiadas durante um momento delicado.
A rotina de um delegado de polícia é dinâmica e exige não apenas um profundo conhecimento técnico da legislação brasileira, mas também um grande senso de justiça, coragem e autocontrole. No entanto, essa intensidade também pode ter um impacto negativo na saúde mental dos profissionais.
"Trabalhar num local organizado, com união de estrutura limpa e detalhes que tragam uma humanidade, uma leveza, uma beleza, traz um conforto maior para nós", afirma a delegada da Polícia Civil. Ela garante que é necessário cuidar da saúde mental em um ambiente tão estressante, onde casos constantes de ansiedade, pânico e depressão não são incomuns.
A delegada compartilha que adota várias estratégias para promover um ambiente mais acolhedor e humanizado na delegacia. "No período natalino, eu faço questão de colocar luzes e árvore de Natal na recepção. Não vejo porque não fazer isso. Faz uma diferença para a população que vem fragilizada fazer um boletim, e ao ver a decoração de Natal, se surpreende e se sente mais acolhida".
Além dos desafios relacionados à saúde mental, Fernanda também destaca a necessidade de diversidade na profissão, afirmando que "a carreira de delegado de polícia civil no estado do Maranhão é majoritariamente masculina". No entanto, ela ressalta que as mulheres têm um papel em destaque na polícia, onde oferece mais sensibilidade e inteligência em situações delicadas, como o atendimento a vítimas de abuso sexual ou menores de idade.
O 3º Distrito Policial, assim como outras delegacias, é uma unidade policial fixa para o atendimento ao público, o que demanda um acolhimento eficiente e compassivo às vítimas que confiam no sistema policial e judicial. Fernanda procura emanar um atendimento massivo à população que procura a delegacia, garantindo que todos tenham acesso à delegada quando necessário.
No calor da gratidão, a comunidade de Timon demonstrou apreço pela atuação exemplar da polícia. Embora as regulamentações proíbam o recebimento de presentes por parte dos servidores públicos, vítimas que são atendidas pelo 3º DP retornam com algumas plantinhas, que adornam o jardim de inverno da delegacia.
“Todas as plantinhas foram doadas por vítimas que, em momentos de necessidade, foram atendidas por nossa equipe. Não só por mim, mas também pela equipe de investigação e pela equipe de escrivães. São símbolos de pessoas que saíram daqui felizes pelo atendimento”, falou.