Delegada cita incesto e falso filho biológico no julgamento de Flordelis

A ex-deputada federal é acusada de ser a mandante do assassinato do marido, morto a tiros em 2019.

Delegada cita incesto e falso filho biológico no julgamento de Flordelis | Reprodução
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BRUNA FANTTI

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O depoimento da delegada Bárbara Lomba, responsável pela investigação do homicídio do pastor Anderson Gomes, abriu o julgamento de Flordelis dos Santos Souza, nesta segunda (7), em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A ex-deputada federal é acusada de ser a mandante do assassinato do marido, morto a tiros em 2019.

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Sobre as declarações da delegada, a reportagem não conseguiu falar com os advogados de Flordelis que se encontram no julgamento. Sobre a acusação de homicídio, ela afirma ser inocente. Em 2021, quando teve seu mandato de deputada federal cassado, declarou: "Não devo pagar pelos erros de ninguém".

Bárbara disse que a investigação mostrou que a família não era coesa. "Foi perceptível depois do crime que havia já algumas pessoas mais revoltadas que queriam falar algo para a polícia", disse.

A delegada disse que era comum entre os familiares relações sexuais consentidas. Flordelis e Anderson eram conhecidos por terem adotado diversas crianças, sendo o próprio Anderson um dos primeiros acolhidos pela ex-deputada, quando tinha 15 anos de idade.

"Eles têm uma diferença de 16 anos de idade e conseguiram autorização para se casar quando Anderson tinha 17 anos. Essa situação, além da relação entre os adolescentes adotados, desagradava Flávio, que saiu de casa para morar com avó", afirmou.

Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis, foi condenado a 29 anos de prisão. Além de ter confessado o homicídio do padrasto com 33 tiros, ele foi condenado por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

O controle financeiro de Anderson e a rigidez com que mantinha a imagem da família teria sido o principal motivo para o crime, segundo a investigação. Em relação à imagem, Bárbara relatou que nos depoimentos foi confirmado que Flordelis e Anderson tinham relações íntimas com os filhos adotados.

"Havia o casamento entre Anderson e Flordelis. Para a igreja deles e sociedade era um casamento tradicional. Mas os depoimentos desmontam algo que era passado de outra forma. Não havia o amor de pai e mãe, eles conviviam e as pessoas tinham relações com elas de cunho sexual", afirmou a delegada.

Além disso, os filhos biológicos e os primeiros adotados tinham acesso a refeições diferenciadas dos demais filhos.

A delegada afirmou também que Flordelis e Anderson contavam a todos que ambos tinham um filho biológico, identificado como Daniel dos Santos de Souza. No entanto, a investigação teria provado que a certidão de nascimento fora falsificada. A mãe biológica de Daniel foi localizada e disse que foi forçada pela família a doar a criança.

Também serão julgados os filhos adotivos de Flordelis Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira, a filha biológica Simone dos Santos Rodrigues, e a neta Rayane dos Santos Oliveira. Por causa do número de réus, a expectativa é de que o julgamento ocorra em mais de um dia.

O namorado de Flordelis, o produtor musical Allan Soares, acompanha o julgamento assim como os familiares da ex-deputada. Ao ver a família, ela chorou.

À Folha, o advogado Rodrigo Faucz, que representa Flordelis, Marzy, André e Rayane, disse que a defesa vai apresentar ao júri dados da nuvem do celular do pastor Anderson do Carmo. O aparelho, no entanto, nunca foi encontrado.

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