SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)
A defesa do tatuador cujo cliente morreu durante uma sessão afirmou nesta quinta (16) que a vítima pediu aplicação de anestésico e que alegou não ter nenhuma alergia antes do trabalho começar.
Em nota enviada à reportagem, os advogados disseram que o artista usou um spray de lidocaína, produto comum entre os tatuadores. "Não houve nenhuma irregularidade", disseram.
Além disso, eles disseram que o cliente assinou um termo de responsabilidade, em que disse não ter nenhuma alergia.
"O ocorrido é trágico, entretanto, atribuir a causa morte ao tatuador José, sem que exista uma investigação completa, se demonstra uma decisão precoce, pois podem existir circunstâncias desconhecidas sobre o fato", diz a defesa do tatuador.
Relembre o caso
David Luiz Porto Santos, de 33 anos, morreu ao fazer uma tatuagem no braço em Curitiba. O caso aconteceu em abril de 2021, mas a investigação só foi divulgada nesta semana.
A viúva de David, que o acompanhava naquele momento, disse que o tatuador exagerou no anestésico.
"O meu marido estava bem na finalização da tatuagem, até que o tatuador passou um anestésico nele, na hora que estava limpando o excesso. Ele passou no braço todo. O meu marido questionou o que tinha passado, ele respondeu que era um anestésico. Meu marido disse que a pressão dele estava baixando e o tatuador disse que era normal", disse a viúva.
O delegado Wallace de Brito afirmou que o tatuador deve ser indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A pena para esse crime é de até três anos de detenção.
SUSPEITA DE OVERDOSE
A lidocaína é um tipo de anestésico usado em procedimentos médicos. A Polícia apurou que o tatuador conseguiu o medicamento com uma receita de uma veterinária.
De acordo com o infectologista Daniel Junger, a vítima pode ter tido uma overdose do remédio, considerando a rápida reação. "O que pode se entender dessa situação, é que o profissional passou uma grande quantidade de anestésico numa superfície onde havia sangue. A absorção dessa medicação foi muito maior do que se tivesse passado em pele íntegra", explicou.
O laudo da necropsia no corpo de David não conseguiu apontar a causa da morte, descrita como "indeterminada".
"Muito embora os achados necroscópicos e de exames sejam sugestivos de intoxicação exógena por lidocaína, o perito não tem como afirmar categoricamente que essa foi a causa do óbito", disse a legista no documento.