No Piauí, até ontem, 106 municípios tinham aderido ao Programa Mais Médicos. Com as inscrições as cidades se credenciam para receber médicos brasileiros e estrangeiros que serão contratados pelo Governo Federal. O Conselho Regional de Medicina (CRM-PI) reafirma a oposição ao programa, por entender que ele não vai solucionar os problemas de saúde pública no país.
Aqui no Piauí, de acordo com o presidente do Conselho, não há dificuldade para a contratação de médicos. ?No interior não tem falta de médico, tem é falta de estrutura para receber o médico?, esclarece.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina no Piauí, 3.372 médicos estão em atividade no Estad e, deste total, 80% trabalha em Teresina. O 670 médicos restantes estão divididos nos 223 municípios do interior do Estado.O que dá ao Piauí a pior posição de distribuição de médicos por população no Ministério da Saúde. No Estado há menos de 3 profissionais para cada grupo de 1.000 habitantes e as dificuldades das prfeituras para a contratação de médicos é cada vez pior.
Oferta de trabalhos para médicos não falta. Os avisos no mural do próprio Conselho Regional de Medicina do Piauí indicam as dificuldades que as prefeituras têm para a contratação desses profissionais. Mesmo cidades localizadas a pouco mais de 100 km de Teresina enfrentam o problema.
A repórter Cinthia Lages ligou para uma dessas prefeituras na região sul do Piauí perguntando sobre a vaga e a disponibilidade para a contratação do médico que a vaga oferecia. ?Os valores que você debita de imposto de renda, previdência, ISS, dá em torno de R$ 6 mil reais líquido. É de 40 horas semanais, só que os outros profissionais trabalham dois dias, dois dias e meio e aí ele pode trabalhar na carga horária idêntica ao dos outros médicos, mas mesmo assim tem muita dificuldade para preencher a vaga?, conta o funcionário da Prefeitura consultada.
Daí surge o questionamento: porque os médicos piauienses não querem trabalhar no interior? ?Essa resposta não é simples para te dar porque é uma questão muito complexa. Primeiro porque a demanda por saúde é muito grande e ela cresce de acordo com o aumento da população, com a melhora do padrão econômico, do nível cultural e aí se começa a requisitar mais profissionais de saúde, vamos dizer assim. É uma problemática que não passa só pelo médico, é uma falta de estrutura toda. Tem que ter a estrutura hospitalar, a estrutura de diagnóstico e no interior geralmente não se tem toda essa estrutura funcionando plenamente?, argumenta o médico.
CONFIRA A MATÉRIA DA REPÓRTER CINTHIA LAGES: