O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, anuncia nesta sexta-feira (17) novas medidas de afastamento social para a cidade em meio à pandemia do coronavírus. Na quarta-feira (14), o RJ2 mostrou que o Hospital Municipal Ronaldo Gazzolla, referência no tratamento contra a doença, tinha 90% dos leitos de UTI ocupados. As informações são do G1.
Naquele dia, questionado pelo G1 sobre a chegada de respiradores somente no fim do mês, ele rechaçou a possibilidade de "caos" na rede de saúde. Nesta sexta, ele se disse preocupado, mesmo com o anúncio de mais 10 leitos na unidade.
"O dado que nos preocupa muito é que, nesse momento, nós ainda aguardamos os equipamentos que compramos no ano passado e que estão para chegar nos próximos dias", disse o prefeito. "Fazendo aqui uma comparação: nós estamos construindo a nossa arca. Não é possível que, por imprudência, a gente adiante o dilúvio, que é o ponto máximo da nossa curva de contaminação".
O prefeito afirmou que as obras do hospital de campanha estão praticamente prontas, mas teme a chegada de centenas de equipamentos apenas no fim do mês. "Nesses 10 dias nós não podemos, de maneira nenhuma, correr o risco de ter uma contaminação em massa". Ele pediu para que todos usem máscaras, "do prefeito ao gari". O prefeito, que havia estimulado a atividade da construção civil, pediu agora para que os jovens obedeçam a ordem de isolamento.
"É importante lembrar que tem jovens que estão nos bares, na convivência social, que não respeitam o afastamento social e não manifestam os sintomas, mas podem estar contaminando outras pessoas nas suas casas ou no seu convívio".
As informações são prestadas em entrevista coletiva no início da tarde no Riocentro, onde está instalado o gabinete de crise da Prefeitura. Ele defendeu o isolamento social.
"É unânime isso. Precisamos manter o nosso afastamento, o isolamento. Pediram para que estudássemos novas medidas a serem implementadas e para que não diminuísse sob hipótese alguma esses números calculados que são de 70% de circulação nas ruas e 80% nos transportes".
Comunidades do Rio
O prefeito lamentou que, nas favelas, a ordem não esteja sendo obedecida. "Essa infelizmente não é a realidade das nossas comunidades. Nas comunidades não está havendo o afastamento social que nós sempre preconizamos. O dado que nos preocupa muito é que, nesse momento, nós ainda aguardamos os equipamentos que compramos no ano passado e que estão para chegar nos próximos dias".
Segundo o prefeito, dados dos celulares indicam, inclusive, que o afastamento social é maior no Centro e na Zona Sul da cidade, do que nas zonas Oeste e Norte. Crivella voltou a enfatizar que as próximas semanas serão cruciais no Rio.
"Nos preocupa muito essas duas, três semanas à frente. Nós acreditamos que depois nós teremos vencido o pior da nossa crise. O pior terá passado, sobretudo porque já teremos montado o nosso hospital e também o Gazolla estará funcionando a pleno vapor". E completou: “Pedimos que o TJ não abra cada vez que haja um pedido de liminar para abrir o comércio”.
Crivella disse ainda que uma estimativa do gabinete científico verificou a necessidade de 900 leitos clínicos e quase 400 leitos de UTI. “Nós estamos nas quatro ondas de contaminação. Na primeira onda, nós iríamos fazer com que o Gazollla fosse todo esvaziado e ficasse apenas para tratar de coronavírus. Isso já foi feito”, disse.
O prefeito disse acreditar que o Gazolla seja hoje responsável pelo maior número de altas e “sucesso no tratamento da doença”.
"Não podemos ter contaminação em massa porque aí foge das nossas possibilidades de recurso".
Outras etapas do planejamento da prefeitura incluem a reabertura de 65 leitos que estavam fechados e o funcionamento o hospital de campanha.
“O Gazolla está recebendo a cada três dias, dez leitos. E se tivermos pacientes disputando leitos? Hoje, tomamos decisão que vamos contratar leitos privados. Nesse momento, em que o hospital de campanha não está pronto, vamos fazer internações também em leitos privados”.
Decreto sobre uso de máscaras
Crivella afirmou ainda que vai publicar um decreto proibindo que as pessoas saiam às ruas sem máscaras, e anunciou que vai contratar leitos privados para a rede municipal.
“A partir de agora então, um decreto fica proibido o trânsito nas ruas sem o uso da máscara. Será publicado um decreto e peço a todos que vão sair que usem sua máscara”.