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Crise hídrica: governo de SP anuncia plano com até 16h de restrição no abastecimento

Nível das represas chega a 28,7% da capacidade, o menor desde 2015; plano prevê redução de pressão, uso do volume morto e possibilidade de rodízio.

Este é o terceiro ano consecutivo com precipitações abaixo da média em São Paulo | Foto: Divulgação/Sabesp
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O governo de São Paulo anunciou, nesta sexta-feira (24), um plano emergencial para evitar o colapso no abastecimento de água na Grande São Paulo. O estado enfrenta o terceiro ano consecutivo com chuvas abaixo da média, e o nível das represas caiu para 28,7% da capacidade total, o menor índice desde a crise hídrica de 2014 e 2015.

O Plano de Contingência para Abastecimento de Água foi desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, em conjunto com o Comitê Estadual de Mudanças Climáticas. Ele estabelece medidas progressivas de restrição, que vão desde a redução da pressão na rede até o rodízio no fornecimento, caso o cenário se agrave.

Como funcionam as faixas de restrição

O plano divide a operação do sistema em sete faixas de criticidade, com ações que variam conforme o nível das represas. Atualmente, a Grande São Paulo está na faixa 3, que determina redução da pressão por 10 horas diárias e economia estimada em 8 mil litros por segundo.

As etapas seguintes preveem medidas mais severas. Na faixa 4, a pressão será reduzida por 12 horas; na faixa 6, pode chegar a 16 horas, com uso do volume morto das represas e ligações emergenciais para hospitais, presídios e postos de bombeiros. O nível zero, por sua vez, representa o estágio mais crítico: o rodízio no abastecimento, com alternância diária entre regiões com e sem fornecimento de água.

Autorização e controle

De acordo com o governo paulista, as restrições só serão implementadas após sete dias consecutivos de permanência em uma mesma faixa. Caso o nível volte a subir, o relaxamento das medidas ocorrerá após 14 dias consecutivos de melhora.

O rodízio, considerado a ação mais extrema, só poderá ser adotado mediante autorização do Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).

“Ela difere bastante da redução de pressão que temos atualmente: no rodízio, setorizamos as áreas de abastecimento e definimos horários específicos de fornecimento de água para cada local, de acordo com a gravidade da situação em cada dia. Essa é a medida mais extrema e, felizmente, não é um cenário próximo do que vivemos hoje”, explicou Thiago Mesquita Nunes, diretor da Arsesp.

Prioridade no fornecimento

Durante o período de restrições, o abastecimento será priorizado para serviços considerados essenciais e para famílias em situação de vulnerabilidade social. Entre os locais que terão fornecimento garantido estão hospitais, UPAs, escolas, abrigos, unidades prisionais, delegacias, Corpo de Bombeiros e beneficiários da Tarifa Social.

O governo também reforçou campanhas educativas sobre o uso consciente da água, buscando sensibilizar a população para a gravidade do momento e a necessidade de economia.

Chuvas abaixo da média e alerta para o futuro

A seca prolongada tem sido consequência direta das mudanças climáticas, que afetam o regime de chuvas em todo o Sudeste. Segundo especialistas, mesmo com a chegada do verão, não há garantia de recuperação rápida dos níveis dos reservatórios.

Com o novo plano, São Paulo tenta se antecipar a um possível colapso, repetindo as lições aprendidas na crise de 2014. O desafio agora é equilibrar o consumo, preservar os recursos hídricos e garantir o abastecimento a milhões de pessoas em meio a um cenário climático cada vez mais imprevisível.

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