Crianças podem ter sofrimento amenizado com doação de cateter

Campanha “Natal Sem Dor” e “PICC para todos” buscam recursos para aquisição de cateter de inserção periférica (Picc), que permite o fim das “agulhadas” em crianças em tratamento oncológico

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Era hora de amamentar o pequeno Valentim Soares, de três meses de vida, quando a professora mestre, Maria Alda, 29 anos, percebeu que seu bebê não estava bem. Ela estava em casa, quando, após o aleitamento materno Valentim vomitava. O bebê foi diagnosticado com uma neoplasia, um tumor cerebral de 6 centímetros, em janeiro do ano passado. Após ser submetido a uma delicada cirurgia de retirada total do tumor, o bebê passou pelo procedimento de quimioterapias para combater o carcinoma, um tipo de câncer raro.

"Antes de três meses, ele começou a ter sustos, até para deitar e trocar a fralda eu tinha que deitar em cima dele para ele não se assustar, ele vomitava e isso tinha uma causa, seu olhar não tinha uma direção certa. Fizemos uma tomografia no dia 11 de janeiro, que comprovou o tumor. Então, - imagina uma criaturinha de três meses de vida com câncer, foi uma bomba mesmo porque já havia perdido pai e mãe por câncer. Ele poderia ficar sem andar, ficar cego. Ele fez a cirurgia com uma neurocirurgiã e depois foi encaminhado para a oncologista que decidiu fazer os 8 ciclos de quimio, ao todo com 56 doses a cada 21 dias", relata Maria Alda.

Crédito: Arquivo Pessoal

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que 13 mil crianças e adolescentes são diagnosticados todos os anos com câncer no país. No Piauí, em 2019, o Hospital São Marcos, em Teresina, recebeu 120 novos casos de câncer infantil. Crianças em tratamento oncológico são "furadas" várias vezes por dia para receber medicação necessária ao tratamento. Valentin, com 5 meses, recebeu o Cateter Central de Inserção Periférica (PICC), que é um dispositivo vascular permanente colocado no braço que permite o fim das “agulhadas” em pacientes em tratamento. 

Valentim faz tratamento via convênio que cobriu o cateter. Por ver os benefícios deste aparelho em crianças, o hospital continua com a campanha "Natal sem dor", que está inserida no projeto PICC para Todos, que busca recursos para atender a necessidade das crianças atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), diante da importância desse material para o tratamento. 

O PICC está ajustado com defasagem de preços na tabela do SUS. De acordo com HSM, o valor da tabela não cobre os custos, nem a implantação do material.  Sem o cateter, os pacientes são submetidos a procedimentos cirúrgicos, por via endovenosa, para a administração dos medicamentos necessários, o que é tão incômodo. "Tem crianças que passam anos fazendo quimio, imagina a medicação na veia, pode inchar, dar trombose e a dor de cada furada, perde a veia, procura. É muita luta, e isso é um trauma para criança, imagina ela passando por isso duas, três, trinta vezes", desabafa a professora.

Diante dessa necessidade no tratamento oncológico, a campanha nasce da vivência de minimizar o máximo possível a dor dos pequenos através da colocação do PICC. Para fazer a doação, basta doar qualquer valor pelo Banco do Brasil, Agência 5121-7 Conta corrente 107700-7 Cnpj 06870026/0001-77. Correspodente à ação, a campanha continua o ano todo.

Paralelo a campanha Natal Sem Dor do HSM, também a mãe do Valentim criou o Instituto Valente que continua com a campanha PICC de Natal até dia 27 de dezembro com o objetivo da aquisição de PICC para crianças atendidas pelo SUS. Para isso basta fazer sua doação na vaquinha on-line: http://vaka.me/795658.

Até o momento foram arrecadados R$ 9.716,00 que transformará a vida de 12 crianças e suas famílias.

A oncologista pediátrica, Dra. Gildene Alves, faz um apelo. "Você precisa ver a alegria de uma criança, de uma família quando a gente coloca esse cateter, a alegria de ver que seu filho não vai ser tão 'furado' quanto antes, que seu filho vai ter menos sofrimento do que ele estava tendo antes", conta.

O destino ainda deu um ingrediente a mais na história: o nome de Valentim foi escolhido antes do diagnóstico da doença.  "Nós colocamos esse nome sem fazer ideia da luta que ele iria passar". Emocionada e vendo que tudo tinha dado certo, Alda pôde, enfim, chorar e agradecer.  Em casa, o neném está bem. "Seguirá uma vida normal com acompanhamento por 5 anos", diz a mãe, ciente de que "terá uma bela história para contar" e deseja que muitas outras crianças possam também ter melhores condições de tratamento.

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