Criança inicia processo de transexualização e é pioneira no estado

A criança vai ser acompanhada por profissionais

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O Piauí pode ter seu primeiro caso de criança transgênero. Paty (nome fictício) já demonstrava para a mãe que não se reconhecia como menino. Quando aprendeu a falar, disse para a mãe que era uma menina, mas uma fadinha a transformou em menino. Hoje, aos seis anos, Paty fala, se veste e age como uma menina, provando para a sua família que é uma criança transexual.

Diante dessa certeza, Amanda Pitta, mãe da menina, decidiu procurar ajuda profissional e conseguiu atendimento para a filha no Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual, no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. O primeiro encontro de Paty com a equipe já está marcado e será no dia 22 de maio. Ela é a primeira criança do Piauí a iniciar o processo de “transexualização”.

Segundo a mãe da criança, esse é o primeiro passo é identificar a menina com Disforia de Gênero, de acordo com o Código Internacional de Doenças. “Por mim ela não precisaria, mas nesse caso a patologização é importante porque vai garantir os direitos dela. Por exemplo, quando ela tiver com o laudo, eu vou poder tentar a mudança de nome, vou pode garantir que ela seja matriculada com o nome social e outras coisas”, explica a mãe.

Se o caso for confirmado pelos profissionais a criança poderá iniciar, por volta dos 11 anos, o tratamento para retardar o início da puberdade. Isso é importante para evitar que os traços masculinos se desenvolvam.

Somente aos 16 anos, se a menina realmente quiser assumir o gênero feminino, é que se inicia o tratamento hormonal. Já o processo de mudança de sexo só deve ocorrer quando Paty estiver adulta. 

Por enquanto, Paty sequer compreende a necessidade do acompanhamento profissional, simplesmente porque não se enxerga como uma pessoa diferente. “Eu falei pra ela sobre o atendimento e ela só focou na parte da viagem. Disse que não está doente pra ir ao médico”, conta Amanda.

Para a menina, não existe nada de errado em ser como ela é. “Eu disse que a gente precisava contar que ela é diferente. Ela disse que não é diferente coisa nenhuma e que não queria falar isso pra ninguém. E voltou a brincar”, relata a mãe.

No ano passado, Amanda Pitta escreveu uma carta para o prefeito Firmino Filho (PSDB), contando a história da sua filha e fazendo um apelo para que ele vetasse o Projeto de Lei que proíbe o debate de gênero nas escolas. A proposta, que dependia apenas da sanção ou do veto do prefeito, retornou à Câmara de Vereadores e não foi mais discutido.

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