A criança de 10 anos que engravidou vítima de um estupro conseguiu expelir o feto espontaneamente hoje, após a indução iniciada ontem à noite pela equipe médica do Cisam (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros), ligado à UPE (Universidade de Pernambuco), no Recife. O site da UOL informou, na manhã desta segunda-feira (17), que, segundo Benita Spinelli, coordenadora de enfermagem do Cisam, a criança está acompanhada da avó e de uma assistente social que veio do Espírito Santo, e nesta manhã passa por uma avaliação multiprofissional que deve analisar a necessidade de retirar os últimos vestígios do feto por meio de uma curetagem.
"Quando ocorre a indução do aborto pela medicação, às vezes não sai completo; se isso ocorrer, ela deve ser submetida à curetagem ainda hoje. Se tudo seguir bem, ela deve ter alta amanhã", afirmou Spinelli. A garota passou pelo procedimento no Recife após o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, em Vitória, se negar a realizar o aborto, mesmo com autorização judicial.
Spinelli conta que o processo de aborto demora horas e que tudo está correndo como esperado até aqui. "Para se fazer esse procedimento, existe uma sequência. Assim que ela chegou, foi feita a indução, mas isso leva algumas umas horas. Ela já expulsou, na verdade, e agora está sendo atendida por essa equipe multiprofissional.".
"Balbúrdia", reclama coordenadora sobre protestos
Sobre os protestos na noite de ontem contra o aborto, na porta da unidade, ela classificou como "balbúrdia" e disse que a equipe tentou blindar a menina de ouvir o que era dito do lado de fora da instituição. "Uma coisa completamente contraditória; pessoas fazendo esse tipo de atividade na porta de um hospital, que é um local que requer silêncio, tranquilidade, ainda mais por ser uma criança de 10 anos, que há quatro anos era estuprada, que teve de sair para outro estado para ter seu direito garantido", disse a coordenadora.
Agora pela manhã, ela conta que a situação está sob controle, sem presença de manifestantes. Segundo a coordenadora, a criança tem reagido bem a todo o procedimento e presença no hospital. "Estamos todos muito atentos e cuidadosos para que nada possa acontecer ou que algo fuja aos nossos cuidados. Ela está tendo todo acolhimento, cuidado, assepsia, sigilo para que, emocionalmente, esteja bem para concluir o procedimento", finaliza.