As publicações de livros acadêmicos no Piauí aumentaram expressivamente nos últimos anos. Somente no ano passado na principal editora do Estado, a Editora da Universidade Federal do Piauí (Edufpi), foram feitos 125 registros junto à Biblioteca Nacional. Em 2015, essa marca deve ser superada já que atualmente a editora fez 105 publicações.
Desde a sua fundação há 24 anos, a Edufpi já registrou 926 publicações, sendo mais de 90% composta por livros acadêmicos. A restrição às obras universitárias é a principal proposta do Conselho Editorial do qual visa difundir, apoiar e divulgar as pesquisas feitas dentro da UFPI. Por isso, os livros fora dessa temática não são comuns de serem aprovados, a não ser que façam parte do grupo de instituições conveniadas, como a Academia de Letras do Piauí.
“A Edufipi faz parte do grupo de 120 editoras universitárias brasileiras, a ABEU, que surgiram com o mesmo princípio.
Sob o ponto de vista do ponto de produção, números de registros e de títulos somos o maior do Piauí. Devido aos investimentos que foram feitos e a atual administração da instituição, hoje o tempo de espera de pedidos de registro está bem menor, mas tínhamos uma fila enorme “, relembra o presidente do Conselho Editorial da Edufpi, Ricardo Alaggio.
Para a jornalista e professora da Universidade Estadual do Piauí, Samaria Andrade, que lançou o livro “Jornalismo em Mutação” pela Edufpi, o mercado de publicações acadêmicas é importante para a divulgação das pesquisas, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Entretanto, esse tipo de mercado ainda sofre dificuldades em relação aos livros de literatura, visto que essa leitura interessa a um público mais específico.
“Há um tempo era um mercado que poderia sumir, mas o número de publicações vem crescendo. A Edufpi tem assinado muitos livros acadêmicos e lançado no mercado, claro que ainda há muito caminho para trilhar, mas antes o que você fazia de ciência, ficava no meio acadêmico e não conseguíamos divulgar, hoje já ultrapassamos isso”, declara. Na última bienal do Livro do Rio de Janeiro, a Edufpi levou 14 títulos para serem divulgados e vendidos. O trabalho dos piauienses teve boa aceitação, foram vendidos mais de 70% dos exemplares disponibilizados.
A distribuição é o maior empecilho
A maior dificuldade para os autores de livros acadêmicos é sem dúvida a distribuição, o modo como a obra chegará as livrarias onde será divulgada e vendida. Foi a maior dificuldade encontrada por Samaria, apesar da ajuda da Edufpi, ela também distribuiu os seus exemplares em Teresina e no resto do país através da internet.
“Hoje a publicação está mais fácil, mas distribuir o livro é a maior dificuldade. Eu mesma faço muitos contatos e o meu livro já se encontra em todas as livrarias de Teresina e algumas do Brasil, inclusive na livraria da UFRJ. Os pedidos pela internet também são muitos e eu envio via correios”, relata a jornalista.
O presidente da Edfupi reconhece a dificuldade da distribuição, mas reitera que a editora está com uma nova estratégia para aumentar a divulgação com a participação nas feiras regionais, nacionais e internacionais.
“Nós estamos conseguindo boa visibilidade através dessas feiras, prova disso foi o sucesso na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Também fazemos a distribuição através do Programa Interuniversitário de Distribuição de Livros (PIDL), vinculado à Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU) do qual fazemos trocas de livros entre as 120 associadas”, revela Ricardo.
Como registrar e publicar um livro acadêmico
O registro e a publicação dos livros acadêmicos estão mais fáceis que há dez anos, mas isso não significa que ainda não existam dificuldades. O presidente da Edufpi explica além das teses de doutorado e as dissertações de mestrado, a prioridade são livros didáticos de apoio ao ensino de graduação, coleções temáticas e coletâneas relacionadas às linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação da UFPI. Por isso, os interessados que se encaixem nesse perfil devem enviar um oficio protocolado ao conselho e esperar uma reunião ser marcada.
“Nós rejeitamos quase 50 livros por ano pelo conselho. Os que são aceitos passaram completos por nós ou com restrições, as quais o autor terá que alterar. Após isso o texto será editado, formatado e tem seu projeto gráfico definido. Todo esse processo demora em média oito meses dependendo do empenho do autor”, explica.
Mas nem todas as publicações da editora são diagramadas, impressas e distribuídas com recursos próprios. Há pedidos que são apenas de registrados pela Edufpi e os autores realizam os outros processos por conta própria.
Livro da Edufpi recebe Prêmio Jabuti
Uma das maiores conquistas da editora foi a premiação do Prêmio Jabuti na categoria Ciências Humanas para o livro do professor da UFPI, João Kennedy Eugênio, em 2012. A obra intitulada “Ritmo espontâneo: organicismo em raízes do Brasil de Sergio Buarque de Holanda” é resultado de sua tese e trata de um estudo sobre os trabalhos do historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda, no contexto da “História Geral da Civilização Brasileira”, publicou, em 1972, “Do Império à República”.