O depoimento do empresário Luciano Hang, dono da Havan, foi marcado para a próxima quarta (29), pela CPI da Covid. A convocação dele já tinha sido aprovada em junho, no entanto, ainda faltava marcar a data. Além dele, a comissão também aprovou a convocação de Bruna Morato, advogada da empresa de saúde Prevent Senior.
O empresário é um dos mais ferrenhos aliados do presidente Jair Bolsonaro. A CPI quer aprofundar investigações sobre envolvimento de Hang em esquemas de disseminação de informações falsas, em especial informações falsas sobre tratamentos ineficazes contra a Covid. Na sessão desta quarta (22), o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), defendeu que fosse marcado logo o dia do depoimento de Hang.
Hang foi assunto na CPI na quarta em razão das investigações sobre a Prevent Senior. A mãe do empresário, Regina Hang, falecida em fevereiro após complicações da Covid, era cliente do plano de saúde. Uma reportagem da TV Globo mostrou que a Prevent Senior não informou a causa da morte de Regina no atestado de óbito.
O prontuário de Regina, ao qual a TV Globo teve acesso, mostra que ela foi internada no Hospital Sancta Maggiore, da Rede Prevent Senior, e foi medicada com o chamado "kit Covid". O "kit Covid", também alvo da CPI, é formado por remédios ineficazes contra a Covid, mesmo assim defendidos desde o início da pandemia por Bolsonaro e aliados.
Empresário se posiciona
O empresário Luciano Hang disse que recebeu com “tranquilidade” a informação de que foi convocado para depoimento, como testemunha, na CPI da Covid-19. “Será um prazer estar presente e falar de todo o trabalho que nós fizemos, visando ajudar no enfrentamento da pandemia, buscando auxiliar na saúde do povo brasileiro e também na economia”, afirmou em nota.
“Desde o princípio nós falamos que era preciso cuidar da saúde, sem descuidar da economia. Estou totalmente à disposição para esclarecer qualquer questionamento”, escreveu Hang.
Prevent Senior
A Prevent Senior é investigada pela CPI por ter omitido óbitos de pacientes em um estudo conduzido pela empresa na tentativa de atestar a eficácia dos medicamentos. A CPI recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent.
O documento informa que a disseminação de remédios sem eficácia foi resultado de um acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent. Segundo o dossiê, o estudo que omitiu os óbitos foi um desdobramento do acordo.
Em depoimento à CPI, o diretor-executivo da empresa, Pedro Benedito, negou que a Prevent tenha escondido os participantes do estudo que morreram de Covid e receberam o tratamento ineficaz.
Mas ele admitiu que a Prevent orientou médicos a modificarem, após algumas semanas de internação, o código de diagnóstico (CID) dos pacientes que deram entrada com Covid. Segundo ele, depois de 14 ou 21 dias de internação, a CID era modificada, porque esses pacientes não mais transmitiriam a Covid. Na prática, segundo a CPI, isso alterou dados sobre quantidade de pacientes com Covid e gerou subnotificação. Senadores viram crime na medida adota pela empresa.