Cozinheiro apresenta insetos como opção de alimento em Teresina

Ele ministrou palestra na Embrapa sobre o assunto

Insetos | José Alves Filho
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Hábito muito comum em mais de 120 países, a alimentação à base de insetos é uma promessa de implantação no Brasil. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), dentro de alguns anos, a maioria da população mundial vai comer insetos. No entanto, isso já é bem presente, tendo em vista que dois bilhões de pessoas em culturas da África, Ásia e América Latina, quase um terço da população mundial, já os consomem.

E para explicar essa tendência no Brasil, o biólogo, bugs cook (cozinheiro de insetos) e presidente da Associação Brasileira de Criadores de Insetos (ABCI), Casé Oliveira, apresentou, na quinta-feira (22), no auditório central da Embrapa Meio-Norte, em Teresina, palestra sobre insetos alimentícios.

José Alves Filho

Eles se reproduzem, crescem, existem em grande quantidade e podem servir para a elaboração de deliciosos pratos. A FAO orienta as pessoas a consumirem em suas refeições os insetos. Segundo a instituição, além de nutritivos, essas miudezas podem ajudar o planeta a diminuir os efeitos das atividades agropecuárias no mundo, tendo em vista as profundas agressões que o setor de carne produz e também podem ajudar no combate à fome.

O profissional abordou o assunto de forma bem didática, unindo seus conhecimentos sobre os insetos e sua paixão pela cozinha. Atento às condições e capacidades que o planeta tem de consumir alimentos, ele informou que pelo menos 2.000 insetos são comestíveis no ramo dos bugs cooks. O biólogo também apresentou alimentos como sal de grilo, chocogrilo, pirulitos com escorpiões e até farinha de larvas.

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Em muitos países, as pessoas consomem insetos de forma totalmente comum, como o consumo de carne bovina no Brasil, por exemplo. O primeiro maior consumidor de insetos é o México, que possui a maior quantidade de espécies comestíveis catalogadas, são em torno de 368; em segundo lugar estão os países do continente africano e o terceiro os Estados Unidos da América. No Brasil, a farofa da tanajura é bem popular, em Recife. 

O cozinheiro serviu durante sua palestra uma brusqueta de besouro na fase jovem. Campeão em propriedades, com até 48% de proteína, a iguaria também é utilizada no auxílio do tratamento de alzheimer. Além dele, também foi servida uma brusqueta de grilo. “No Brasil tem um grande mercado disso, já existe a Associação Brasileira de Criadores de Insetos e vamos ter o I Congresso Insetec 2019 em Montes Claros, Minas Gerais. Você já encontra insetos comestíveis em supermercados de São Paulo e chocolates já estão  inseridos como forma de complemento", falou.

Iguarias podem ajudar no combate à fome

Casé explica que hoje não existe uma lei que proíba o consumo de insetos e se não há lei, não tem penalidade. "A Anvisa, através dos seus órgãos, diz que qualquer gastrônomo pode fazer e comprar de uma biofábrica, com nota fiscal e utilizar toda a técnica e práticas de manipulação. Nessa prática ele é amplamente liberado, tanto  que existem festivais de formigas tanajura no Brasil”, informou Casé.

Com relação ao consumo de insetos no combate à fome, Casé explica “A questão  da fome é muito complexa. Se a população passasse a consumir mais insetos iria ajudar a contribuir, mas a questão da fome envolve alimentos maiores, tem alimento para todo mundo, mas existe uma taxa de desperdício muito grande. Eu acredito que eles vão contribuir muito no combate à fome”, conta. 

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Ele apresentou, durante a palestra, três cenários solicitados pela Universidade Stanford, nos Estados Unidos, de como os insetos possuem mais proteína e menos desperdício. Eles têm 80% de aproveitamento e os bovinos apenas 40%. Além desse fator, eles também necessitam de menos ração. “Se de repente todo mundo parasse e ajudasse diminuindo o consumo de carne bovina, iria melhorar”, disse Casé.

Adriana Galvão, professora de Artes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e criadora da Tecnologia em Desidratação Solar de Alimentos, não perdeu tempo e provou de cada alimento apresentado. “A princípio a gente sempre tem um estranhamento, mas conforme ele foi nos mostrando e falando todos os aspectos, no nível proteico e a parte da gastronomia, eu fui me apaixonando”, falou.

Provando a brusqueta de grilo, ela não poupou elogios. “Imaginei que estava comendo um camarão delicioso e as larvas têm um sabor defumado muito interessante. Eu acho que posso introduzir isso na alimentação e também acredito que podemos estudar isso dentro da universidade, dentro do mercado alimentício para nós que consumimos carne”, expressa.

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