Covid-19 fez Brasil passar vergonha universal, por José Osmando de Araújo

É de uma tristeza profunda constatar que um país como o Brasil virou vergonha mundial

Brasil passou vergonha com a Covid-19 | div
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Em 12 de Março de 2020, três anos completados nesse último domingo, o Brasil registrava a primeira morte em decorrência da Covid-19, uma pandemia que viria para gerar um enorme estrago na vida dos brasileiros, protagonizar episódios vergonhosos de negacionismo e irresponsabilidade, e contabilizar um acumulado de casos de corrupção e mau uso do dinheiro público. O primeiro registro ocorreu no Hospital Municipal Dr. Carmino Caricchio, na cidade de São Paulo.

 No acumulado dos três anos, o Brasil registrou 37.085.520 casos confirmados da doença, e 699.310 pessoas perderam a vida, conforme a atualização desse dia 10 de Março, do Ministério da Saúde. E mais: ainda persistem registros de mortes nos dias de hoje, apontando-se 332,8 ocorrências registradas nessa última sexta-feira. 

MORTES EVITÁVEIS 

Muito dessas quase 700 mil mortes, milhares delas evitáveis, se deu pelo descaso com que o governo da época tratou a pandemia da Covid, atrasando e até impedindo a vacinação da população, pondo em dúvida a eficácia das vacinas e propaganda notícias falsas, que contribuíram para desnortear a população e inibir a atuação dos serviços públicos.

CPI 

Por conta dos descaminhos, do pé no traseiro da ciência, da oposição oficial às vacinas, e da malversação do dinheiro público, o Senado Federal instalou uma CPI, que durou seis meses e fez conclusões importantes, apurando atitudes criminosas do Governo Bolsonaro, a saber: crime de responsabilidade, incitação ao crime, emprego irregular de verba pública, falsificação de documento particular, crimes contra a humanidade, prevaricação, charlatanismo, crime de infração de medida sanitária e crime de epidemia. Tudo devidamente explicado no relatório final.  

RELATÓRIO FINAL 

Com trabalhos encerrados em outubro de 2021, os resultados alcançados pela CPI poucos efeitos práticos tiveram no sentido de apuração de responsabilidade do governo federal. Como não tem poder para punir suspeitos, o relatório final serve como base nas investigações e indiciamentos encaminhados aos órgãos de fiscalização e controle, sobretudo ao Ministério Público Federal, Procuradoria Geral da República e Controladoria Geral da União. 

MORTE DO RELATÓRIO 

Mas, daí querer que o procurador geral Augusto Aras desse a sequência esperada contra atos de Bolsonaro, seria sonhar demais. Indicado ao cargo pelo ex-presidente, e sendo este o principal acusado pelos desvios, o destino final do relatório seria a gaveta do procurador. E como a competência de apresentar denúncias contra o Presidente, no caso de crimes comuns, é do procurador-geral, o destino foi a morte do relatório. 

A Câmara Federal que, se acolhesse o relatório, poderia abrir processo de impeachment, também nada fez.  

Além de Bolsonaro, também foram parar na PGR os casos dos então ministros Walter Braga Netto (Defesa), Marcelo Queiroga (Saúde), Onyx Lorenzoni (Trabalho) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União. 

POSIÇÕES DE BOLSONARO 

Para quem não lembra, vale refrescar a memória sobre posições públicas assumidas por Bolsonaro no auge da pandemia, quando o mundo inteiro abraçava a vacina como única forma de prevenção: 

“Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada pelo Ministério da Saúde e Anvisa.” Em 21 de Outubro de 2020 

“Como sempre, eu nunca fugi da verdade, eu te digo: Eu não vou tomar vacina. E ponto final.” – Em 15 de Dezembro de 2020 

“Se você virar jacaré, problema de você. Se você virar super-homem, se nascer barba em mulher ou algum homem começar a falar fino, eles não vão ter nada com isso. O pior: mexer no sistema imunológico das pessoas. Como é que você pode obrigar alguém a tomar vacina?” Em 17 de Dezembro de 2020. 

“A pressa da vacina não se justifica porque você mexe com a vida das pessoas, você vai inocular algo em você.” Em 19 de Dezembro de 2020 

VERGONHA 

É de uma tristeza profunda constatar que um país como o Brasil, que sempre deu ao mundo lições extraordinárias na produção nacional de conhecimento científico em virologia, com enormes avanços em vacinas, técnicas de diagnóstico e sequenciamento genético, tenha sido levado por seu principal comandante, o Presidente da República, e seus seguidores contratados, a uma vergonha pública mundial no caso da Covid-19. 

O que se espera, ao menos, é que paguem na justiça pelos desatinos e crimes cometidos.

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