O secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, afirmou ontem em conversa com empresários do ramo da construção civil do estado que o sistema de saúde colapsou, e admitiu que a estimativa das autoridades é que somente Fortaleza registre em torno de 250 mortes por dia no início de maio. Ele ainda adiantou que o estado adquiriu 15 mil túmulos para enterrar vítimas da covid-19.
"Hoje estou escrevendo ao ministro [da Saúde, Luiz Henrique Mandetta] que o sistema de saúde do Ceará colapsou. E nós vamos começar a ter mortes de pessoas não intubadas", afirmou.
Ele ainda explicou que as vagas em Unidades de Terapia Intensiva estão ocupadas.
"No sistema público hoje não eu tenho mais leitos de UTI. Acabou! Estamos esperando da China, que nos prometeu uma compra com 200 respiradores. Soube ontem que os equipamentos de proteção individual, como máscaras, viseiras, luvas, que são necessárias aos profissionais de saúde, têm cinco dias de estoque", completou.
Na conversa gravada por algum integrante e vazada à imprensa, o secretário falou que a projeção feita é que a taxa de letalidade no estado, hoje em 5,3%, chegue a 10%. Isso ocorre porque há fila de espera já registrada em unidades de saúde.
"A UPA [Unidade de Terapia Intensiva] da Praia do Futuro tinha hoje 22 doentes em fila. Ontem tínhamos 28 na fila de UTI. Devemos chegar a uma mortalida em torno de 10%", disse. O estado já implantou 160 novos leitos de UTI nas últimas três semanas.
O secretário anunciou que, diante do cenário, "compramos 15 mil túmulos para enterrar as pessoas". Ele afirmou ainda que o estado não tem recebido recursos do governo federal. "Esse repasse feito não representa nem 5% dos leitos de UTI, o estado sozinho arca 95%", lamenta.
A Secretaria de Saúde informou que o secretário vai fazer uma live ainda hoje para apresentar planilhas e dar detalhes sobre a situação da rede de saúde do estado. A assessoria da pasta não quis comentar nada a respeita da fala do secretário na reunião de ontem.
Um hospital de campanha, no estádio Presidente Vargas, deve ser entregue pela prefeitura de Fortaleza no dia 20 de abril, com capacidade de atendimento inicial de 204 leitos de média complexidade para pacientes da covid-19, podendo ser ampliado para até 306 leitos.
Segundo o último boletim do governo do estado, são 2.070 casos confirmados até o momento e 111 mortes (86 delas somente em Fortaleza).