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Corumbá é considerado o município mais incendiado do Brasil nos últimos 40 anos

O região é considerada líder de incêndios, tem 97% do seu território no Pantanal e 3% no Cerrado. Até o início de julho, mais de 760 mil hectares haviam sido afetados

Corumbá é considerado o município mais incendiado do Brasil nos últimos 40 anos | Foto: Reprodução/ Internet
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Na segunda-feira (24/06) os dados publicado na primeira edição do Relatório Anual do Fogo (RAF), do MapBiomas, mostraram que entre 1985 e 2024, o município de  Corumbá (MS) teve um território acumulado de 3,8 milhões de hectares consumido por episódios de queimadas, uma área quase do tamanho de Guiné-Bissau – ou maior que o estado do Alagoas.

O município brasileiro é considerado líder de incêndios, tem 97% do seu território no Pantanal e 3% no Cerrado. Apesar do fogo fazer parte dos ciclos desses ecossistemas, os incêndios por lá estão mais frequentes e mais devastadores. Somente em setembro de 2024, uma área de 339 mil hectares foi destruída em um único incêndio, o que representa duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Nessa ocorrência, o fogo começou em uma fazenda e atingiu outras 135 propriedades rurais.

Além disso, outros dados, como um relatório do Instituto SOS Pantanal indica que a temporada de incêndios no bioma em 2024 foi uma das mais severas já registradas. “Apenas no mês de junho, mais de 411 mil hectares foram consumidos pelo fogo – o maior volume da série histórica para esse período, superando até mesmo a média de setembro, tradicionalmente o mês mais crítico. Até o início de julho, mais de 760 mil hectares haviam sido afetados, representando cerca de 4% do bioma”, informa o documento.

Relatório Anual do Fogo (RAF) (Reprodução/ MapBiomas)

CICLOS DO PANTANAL

Naturalmente, o fogo faz parte dos ciclos do Pantanal que, acumula uma grande quantidade de matéria orgânica no solo, por passar parte do ano alagado. Isso serve de combustível para os incêndios. Dessa forma, o bioma queima e alaga em ciclos complementares.

Apesar de ser um bioma conhecido pelos períodos de alagamento, esse cenário está mudando. Corumbá lidera o ranking dos municípios que mais perderam superfície de água nos últimos 40 anos. Além disso, fatores como o aumento de povoamento no território aumenta os risco de incêndios. Alterações climáticas em outros biomas também resultam em seca e, consequentemente, nos incêndios na região.

PRINCIPAIS AGENTES 

Corumbá ocupa o 11° lugar na lista total de municípios gigantes. Algumas localidades maiores, como São Félix do Xingu (PA), com cerca de 8,4 milhões de hectares; e Altamira (PA), o maior município do Brasil, aparecem em segundo e terceiro lugar entre os mais incendiados nos últimos 40 anos. Esses lugares concentram os maiores rebanhos bovinos do país. Apesar de que em algumas regiões a criação extensiva de gado seja a principal causa dos incêndios, em Corumbá as chamas são relacionadas também a outros fatores, incluindo a maior facilidade de combustão resultante do acúmulo de matéria orgânica no solo.

Pelo menos cinco das oito multas aplicadas pelo Ibama foram destinadas a donos de grandes porções de terra. Nas últimas quatro décadas, 206 milhões de hectares foram afetados pelo fogo com intensidades diferentes em cada um dos seis biomas do país. O cerrado, possui a maior média anual de área queimada do país; enquanto a Mata Atlântica soma a maior área afetada pelas chamas nas últimas quatro décadas e é o bioma mais destruído do Brasil.

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