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Corrida por terras raras: Poços de Caldas pode suprir 20% da demanda mundial

Apesar das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o governo norte-americano já demonstrou interesse em firmar acordos para aquisição desse recurso.

Área de extração de "terras raras" na região da caldeira vulcânica de Poços de Caldas | Foto: Divulgação / Meteoric Resources
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A crescente demanda por energia limpa tem acelerado a busca por terras raras em todo o mundo. Em Poços de Caldas (MG), empresas nacionais e estrangeiras disputam a exploração de uma imensa cratera de um vulcão extinto que, segundo estimativas, pode atender até 20% da demanda global por esses minérios. Apesar das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o governo norte-americano já demonstrou interesse em firmar acordos para aquisição desse recurso, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Atualmente, a Agência Nacional de Mineração (ANM) concedeu 1.882 autorizações para pesquisa de terras raras no Brasil, sendo 361 apenas em Minas Gerais — cerca de um terço delas concentradas na região de Poços de Caldas. A maioria dos pedidos foi protocolada entre 2023 e 2024.

As chamadas terras raras englobam 17 minerais de difícil extração. Entre eles, neodímio e praseodímio se destacam por serem fundamentais na produção de ímãs supermagnéticos, utilizados em motores de carros elétricos, turbinas eólicas e outros equipamentos de alta tecnologia.

Com cerca de 800 km², a cratera — também conhecida como planalto de Poços de Caldas — abrange os municípios de Poços de Caldas, Andradas e Caldas (MG), além de Águas da Prata (SP). De acordo com o geólogo Álvaro Fochi, responsável pela descoberta da jazida no início dos anos 2010, a região pode conter até 300 milhões de toneladas de terras raras.

Segundo o geólogo Paulo Henrique Silva Lopes, as empresas que obtêm autorização de pesquisa têm até três anos para concluir os estudos e apresentar um relatório técnico. Só após essa etapa é possível solicitar a lavra para iniciar a exploração.

“Há muitas ocorrências ainda não descobertas. Mesmo sem uma geologia claramente definida, as solicitações são feitas na expectativa de encontrar novos depósitos, já que a região está ‘em cima do veio’”, explica Lopes.

Duas mineradoras australianas já estão adiantadas no processo e devem iniciar a extração entre 2026 e 2027. Juntas, irão explorar uma área de 420 km². Apenas 15% desse território já revelou cerca de 2 bilhões de toneladas de argila rica em íons de terras raras — volume suficiente para manter a mineração ativa por pelo menos 20 anos.

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