Tênis apropriado para corrida, boné, óculos escuros e uma passada firme de quem está acostumada com o tipo de exercício. Peça de roupa? Nenhuma. Nem meias. Assim corria uma mulher, pelo meio da rua e a poucos metros do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, na tarde deste domingo.
Mais de duas horas antes do início do evento "Corrida pelada na Carlos Gomes", marcado pelo Facebook e com mais de 3,2 mil confirmados, a atleta solitária dificilmente conseguiria chegar ao local marcado para acompanhar outros adeptos da corrida nudista. A pouco mais de 6 quilômetros de distância do cruzamento das avenidas Protásio Alves e Carlos Gomes, mesmo com seu passo resoluto e despida do pesos das roupas, a corredora tinha como obstáculos, improváveis de serem vencidos sem uma garrafinha de água, um calor de mais de 30 graus e o sol forte daquele horário.
Diferentemente das duas mulheres vistas nuas nas últimas semanas na capital gaúcha, a jovem, de cabelos castanhos claros e exibindo um leve bronzeado, não aparentava desorientação mental e desempenhava seu exercício com segurança. Ou, pelo menos, o uso de tênis e boné passava a imagem de premeditação e precaução.
O evento deste domingo, um ato em favor das duas mulheres nuas recolhidas pela PM e levadas para atendimento médico, planeja percorrer um trajeto de um quilômetro usando o corredor de ônibus que fica fechado para veículos nos domingos. Além delas, um travesti também foi visto andando nu, na manhã da última sexta-feira no bairro Cidade Baixa, mas os policiais militares não conseguiram encontrá-lo depois da denúncia.
Casos de nudez em público
O primeiro caso ocorreu na quinta-feira da semana retrasada. Enquanto corria no Parque Moinhos de Ventos (Parcão), uma jovem loira e de olhos claros foi se despindo conforme avançava. Inicialmente, pelo aspecto da mulher, os populares pensavam que se tratava de uma europeia que tivesse achado natural despir-se em parque. A PM foi acionada, a corredora foi detida e encaminhada para receber atendimento médico. Segundo os policiais que atenderam a ocorrência, ela apresentava confusão mental, não dizia coisa com coisa, nem sequer sabia informar o próprio nome. Neste caso, a equipe médica que a atendeu não identificou problemas mais graves. A nudez teria sido uma tentativa de se manifestar.
Uma semana depois, na quinta-feira passada, uma mulher foi vista caminhando nua pela Terceira Perimetral, movimentada via de Porto Alegre. Abordada por um repórter da RBS, afiliada da TV Globo na região, ela afirmou ser ex-lutadora de MMA. "Isso é um desabafo para mostrar que sou MMA. Eu era lutadora. No MMA, eu tinha oportunidade de revidar, porque eu estou preparada para estar lá. Eu sei o que vai vir pela frente. Agora, eu não tenho a mínima condição de contar com o meu governo. Sem segurança, sem alimento, sem moradia. Então, eu queria fazer um protesto à presidenta Dilma", completou a atleta, que foi abordada pela Brigada Militar (PM gaúcha) e encaminhada para atendimento médico.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ela já tinha apresentado problemas mentais, foi medicada e a equipe tenta contato com a família. Entretanto, no Facebook ela recebe mensagens de apoio de amigos e tem divulgado matérias publicadas pela mídia sobre o que aconteceu.
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