Conheça Martín Guzmán, o novo ministro da Economia na Argentina

Acadêmico de 37 anos propôs, em apresentação recente, suspender o pagamento da dívida externa pública por dois anos e retomar os vencimentos apenas em 2022.

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Analistas internacionais e a população argentina aguardavam com ansiedade pelo anúncio dos nomes dos ministros do próximo presidente, Alberto Fernández, que toma posse nesta terça-feira (dia 10). O objetivo era tentar entender e antecipar qual a linha do próximo governo na estratégica área econômica. E ele acabou com o mistério  na noite da sexta-feira (6): o nome que mais chamou a atenção foi o do escolhido para o cargo mais importante, o de ministro da Economia. Ele será Martín Guzmán, 37 anos, de carreira acadêmica.

Quem é Guzmán? O economista de 37 anos propõe a reestruturação da dívida de cerca de US$ 100 bilhões com credores internacionais e com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Radicado nos Estados Unidos há mais de uma década, ele estava na prestigiosa Universidade de Columbia, em Nova York, onde colaborava em pesquisas com o vencedor do Nobel de Economia (em 2001) Joseph Stiglitz. Ele era diretor de um programa de reestruturação de dívida em Columbia e também professor da Universidade de Buenos Aires.

Qual o contexto? A Argentina está mais uma vez neste século enfrentando uma grave crise econômica: o PIB encolheu 2,5% em 2018 e a projeção de mercado é que haja nova queda próxima a 3% neste ano. O desemprego é alto, bem como a inflação. O país tem grandes déficits nas contas públicas e nas transações com o exterior. Esse cenário de recessão levou à derrota do atual presidente, Mauricio Macri, nas eleições de outubro, quando o oposicionista Fernández, com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, foi o vencedor.

Qual a sua linha de pensamento econômico? Guzmán é crítico das políticas liberais, ou seja, que costumam prever medidas de contenção de gastos pelo governo. Uma das ideias do novo ministro é adiar por dois anos o pagamento de juros da dívida argentina, mediante acordo com credores, enquanto a economia busca voltar a crescer. O atual governo, por exemplo, defende o pagamento da dívida sem atrasos.

O novo ministro também era crítico da política econômica do liberal Mauricio Macri e acredita na necessidade de “corrigir os desequilíbrios macroeconômicos” da Argentina. É uma visão parecida com a de Fernández, que defende ser fundamental “crescer antes para pagar a dívida depois”.

Qual a sua formação? Guzmán, que tem doutorado pela Brown University, nos EUA, e graduação na Universidade Nacional de La Plata, é membro da Força-Tarefa do Novo Pensamento Econômico sobre Eficiência e Estabilidade Macroeconômica, presidido por Stiglitz. Ambos foram críticos das medidas de austeridade fiscal contidas no acordo de ajuda de US$ 57 bilhões acertado pelo atual presidente com o FMI.

Qual a importância desse cargo? A escolha do ministro pode definir o rumo da terceira maior economia da América Latina nos próximos quatro anos, com impacto na vida de produtores de grãos, investidores e credores envolvidos em conversas com a Argentina sobre a dívida soberana, em meio a temores de calote.

O novo ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán (centro), ao lado de futuros colegas de gabinete

Crédito: Agustin Marcarian/Reuters

Quais os demais ministros anunciados? A equipe de Fernández terá como chefe de gabinete Santiago Cafiero, seu braço direito. Ele é licenciado em ciências políticas, tem 40 anos e é neto do histórico dirigente Antonio Cafiero e filho de Juan Pablo, ex-embaixador de Cristina Kirchner no Vaticano.

Para o Ministério da Produção, o presidente eleito escolheu Matías Kulfas, professor universitário de 47 anos e uma das referências em economia para Fernández. Com experiência em gestão, seu trabalho tem como base programas de apoio financeiro para as pequenas e médias empresas.

O deputado peronista Felipe Solá, engenheiro agrônomo de longa trajetória política, será o chanceler. Fernández se referiu a ele como “meu amigo de quase toda a vida”. O presidente eleito disse que o escolheu para expressar a posição de seu governo com “lógica política”, em vez de “lógica diplomática”.

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