Na quarta-feira (18/06) o mecânico Antônio Claudio Alves Ferreira, condenado a 17 anos de prisão por depredar um relógio histórico durante a invasão do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro de 2023, foi autorizado a deixar a prisão em Uberlândia (MG), após dois anos e quatro meses de detenção.
Segundo decisão da Justiça, Ferreira cumpriu a fração necessária da pena para obter progressão ao regime semiaberto, manteve boa conduta carcerária e não cometeu faltas graves. No entanto, o condenado deveria estar usando tornozeleira eletrônica, o que não ocorreu por falta de aparelhos disponíveis em Minas Gerais, conforme afirmou o juiz responsável pela decisão.
Apesar disso, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais negou a indisponibilidade de tornozeleiras. Em nota, o órgão informou que o sistema estadual de monitoramento possui mais de 4 mil vagas disponíveis atualmente e explicou ainda que, no caso de Ferreira, a decisão judicial permitiu sua soltura sem o monitoramento imediato, desde que permaneça em prisão domiciliar até apresentar proposta de trabalho aprovada pela Justiça.
O mecânico já está agendado para colocar a tornozeleira nos próximos dias e tem até 60 dias para regularizar o endereço de cumprimento da pena na comarca de Uberlândia.
Participação nos atos de 8 de janeiro
O homem foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em junho de 2024, a 17 anos de prisão por cinco crimes: abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e dano ao patrimônio tombado.
Durante a invasão das sedes dos Três Poderes, Ferreira foi flagrado por câmeras de segurança destruindo um relógio histórico que pertenceu à Coroa portuguesa. A peça, confeccionada em 1808 pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot, artesão do rei Luís XIV, foi um presente do governo francês a Dom João VI. O relógio é feito de casco de tartaruga e bronze, materiais que hoje não podem mais ser produzidos.
Há apenas mais um exemplar semelhante no mundo, com dimensões menores, exposto no Palácio de Versalhes, na França. Após os atos de vandalismo, o relógio foi restaurado e devolvido ao Palácio do Planalto em janeiro deste ano, durante uma cerimônia oficial. Atualmente, a peça está exposta na sala de audiências do gabinete da Presidência da República.