'Como perdoei o assassino de meu pai e me tornei sua grande amiga'

Canadense perdoou o homem que tirou a vida do seu pai. Veja!

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A canadense Margot von Sluytman surpreendeu o mundo ao anunciar que perdoou o assassino de seu pai. Em 1978, quando ela era adolescente, seu pai, Theodore, foi morto durante um assalto à loja em que trabalhava. Glen Flett, um dos assaltantes, apertou o gatilho e anos mais tarde se arrependeu de ter cometido o crime. 

E fez contato com Margot. Desse primeiro gesto viria a surgir uma extraordinária amizade. Falando, e às vezes chorando, os dois contaram sua história ao programa Outlook, do Serviço Mundial da BBC.

Aos 22 anos, Glen se casou. Arrumou um trabalho, teve um casal de gêmeos - mas não durou muito. "No dia em que meus gêmeos nasceram fui para a cadeia por assalto à mão armada."

Segunda ensolarada

Em 1978, Glen e seu comparsa - um homem que ele havia conhecido na cadeia - estavam morando em Toronto. Foi nessa cidade, no dia 27 de março, que Glen cometeu o ato que mudaria para sempre sua vida - e também a de uma família local.

Glen mal consegue falar ao recordar esse momento. "Meu parceiro e eu… acho que nós dois, espontaneamente, atiramos nele."

Glen não soube, de imediato, que havia matado o pai de Margot.  "Ele estava me segurando, mas quando foi alvejado, me largou. Então eu caí no chão. Levantei e saí correndo."

Ele e o parceiro correram para o carro e foram para o apartamento onde estavam morando. Quando ligaram a televisão, ouviram a notícia de que um homem havia sido morto durante um assalto.

Enquanto Glen descreve aquele dia fatídico, Margot, a filha de Glen, escuta em silêncio. Agora, emocionada, ela explica o que sente ao ouvir o depoimento.

'Minha vida mudou'

Margot começa a descrever como foi, para ela, o dia em que seu pai foi morto.

Na manhã em que foi morto, Theodore Sluytman estava de folga, conta Margot. Mas foi à loja porque queria se preparar para uma liquidação. Era um ótimo vendedor, ela explica. E ganhava comissão.

Luto

Enquanto Margot vivia o luto pela morte do pai, Glen foi preso e condenado por assassinato. Anos se passaram.

Na prisão, Glen passou a praticar o cristianismo. Começou a refletir sobre a vida que tinha destruído, o mal que causara, diz ele. Um dia, obteve permissão para sair da cadeia e passar alguns dias com sua própria família.

Glen relembra as visitas dos filhos pequenos.

Margot conta que sentia uma forte necessidade de conhecer a pessoa que matara seu pai.

E Glen vivia atormentado pelo remorso.

Quando Glen saiu da cadeia, sua esposa, historiadora, descobriu onde estava a sepultura de Sluytman.

No entanto, Glen foi desaconselhado a procurar a família. Um dos policiais temia que o contato trouxesse de volta a dor e as lembranças.

Contato

Anos mais tarde, um amigo de Glen leu um artigo sobre Margot. Ela tinha crescido, cursara universidade, era poeta e tinha acabado de ganhar um prêmio. Glen e sua esposa decidiram fazer uma doação pela internet em apoio ao trabalho dela. A doação foi feita anonimamente.

Foi assim que teve início um diálogo entre Margot e o homem que matara seu pai. Em resposta, a esposa de Glen escreveu: "Vimos o seu trabalho, não queríamos fazer mal a você".

Paradoxo

Desde então, Margot e Glen já se encontraram várias vezes.

Encontrar Glen "me ajudou de uma maneira profunda", diz Margot. "Somos muito amigos. Dizemos 'eu te amo' um ao outro. Sei que para algumas pessoas é muito complicado ouvir isso."

De fato. Perdoar, sim, dizem alguns. Mas amizade? Não acaba reabrindo a ferida?

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