Comércio de Teresina mira em clientes veganos

A demanda cresce e o mercado responde

Victor Moreira | Raissa Morais
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A cada dia aumenta o número de pessoas que se tornam vegetarianas e ou veganas, no Brasil. De acordo com dados do Ibope Inteligência, em pesquisa realizada em abril do ano passado, a percentagem de pessoas que se identifica com o vegetarianismo atingiu 14% da população, com um total de 30 milhões de pessoas. Outra pesquisa, feita pela empresa Ginger Strategic Research, mostra que a estimativa é de que o mercado de produtos alimentícios vegetarianos cresça num ritmo médio de 40% ao ano.

Então, se você é vegetariano ou vegano, saiba que o mercado de alimentos em Teresina, destinado a esse público-alvo, já começa a se expandir. Muito embora seja um comércio ainda muito "tímido", é bem verdade que corresponde à demanda. E quem trabalha no ramo, na cidade, já visualiza o crescimento de pessoas interessadas em consumir alimentos vegetarianos/veganos.

Victor Moreira trabalha com a produção de alimentos veganos

O empreendedor em alimentos veganos, Vitor Moreira, trabalha no ramo de atividade há seis anos e diz que a procura por esse tipo de alimento tem crescido consideravelmente. "Eu tinha uma clientela de um pouco menos de cinquenta pessoas e hoje posso dizer que esse número dobrou", diz Vitor Moreira, que prepara pães naturais, comida árabe, homms (bicos de grãos com tahini), entre outros alimentos.

Um ponto interessante nas vendas do empreendedor é o fato de seus clientes serem 80% de mulheres. "As mulheres são mais atentas, de modo geral, aos alimentos. O veganismo não é uma dieta e sim, uma filosofia de vida. Já os vegetarianos o fazem por questões mais de saúde e muitos deles incentivados por prática de medicina alternativa, principalmente a oriental, que indica o vegetarianismo", explica Vitor Moreira.

Quem também diz que o mercado é promissor é Milena Campos, que há cerca de sete meses atua no ramo de alimentos vegetarianos e veganos. Ela e mais duas pessoas da família montaram um restaurante na própria residência, onde preparam hambúrgueres veganos.

A princípio os sanduíches eram feitos somente com carnes, mas a partir do momento que um irmão da empreendedora passou a ser vegano, a família experimentou fazer sanduíches com feijão, soja, lentilha e outros tipos, e foi um sucesso. "Percebemos que depois que passamos a trabalhar com hambúrgueres veganos, a nossa clientela aumentou muito, mas continuamos também com hambúrgueres de carne, para atender aos vários públicos", disse Milena Campos.

A empreendedora diz ainda que as vendas são delivery (através de entregas) e que a maioria da clientela é de jovens e adultos.

Respeito à vida dos animais e o veganismo

O amor e respeito à vida dos animais foi o fator preponderante para a professora Talita Aralpe se tornar vegana. Segundo ela, não existe distinção entre cachorros, gatos, vacas e outros, e por isso passou a ser vegetariana desde 2004. "O consumo de carne faz parte de uma cultura da pecuária que está matando o planeta. Não é uma questão de elitizar, de só quem é rico, e sim uma questão mundial, ambientalista e humana", disse a professora.

Reprodução / Internet

De acordo com ela, a questão do especismo, em que uns animais são para comer e outros são para amar e ter como amigos não existe. “Todos os animais têm o poder de sensibilidade, merecem respeito e isso não tem sentido algum”. 

Em relação a locais de comercialização de alimentos veganos e vegetarianos, ela diz que ainda sente uma certa dificuldade em relação a isso. "Não temos ainda nenhum restaurante direcionado e preocupado com o veganismo. Muitas pessoas acham que veganos só comem folhas, sendo que existe uma variedade de alimentos acessíveis e baratos", lamentou Talita Aralpe, dando o exemplo da banana, que segundo ela, dá para fazer inúmeros pratos tanto doces como salgados. 

Saiba diferenciar vegetarianismo e veganismo

O vegetarianismo pode ser adotado por diferentes razões. Uma das principais é o respeito à vida dos animais. Tal motivação ética foi codificada em várias crenças religiosas, juntamente com os direitos dos animais. Outras motivações estão relacionadas com a saúde, o meio ambiente, a estética e a economia.

Existe uma grande variação de dietas vegetarianas em relação aos produtos que são ou não consumidos. A forma mais popular de vegetarianismo é o ovolactovegetarianismo, que exclui todos os tipos de carnes, mas inclui ovos, leite e laticínios. Há também o lactovegetarianismo, que exclui todos os tipos de carne e também o ovo, mas são consumidos leite e seus derivados. Outra forma de dieta vegetariana é o vegetarianismo estrito: neste, são excluídos todos os produtos de origem animal, como ovos, laticínios e mel. O vegetarianismo estrito é frequentemente confundido com o veganismo.

Veganismo é um movimento social, político e internacional a respeito dos direitos animais, por razões éticas e também pela sustentabilidade. O boicote a atividades, organizações, empresas, produtos, entre outros, que usam os animais, é uma das principais ações de quem adere ao movimento. A alimentação vegana é livre de derivados animais. Também é um movimento de natureza econômica, onde são promovidos hábitos e até um mercado (feiras, brechós, etc) inovadores, centrados na causa animal. Traz o conceito de especismo no qual critica-se a "superioridade" da espécie humana e, em decorrência, a objetificação e a inferiorização das demais espécies animais. No Veganismo, uma pessoa humana não é melhor nem pior que qualquer outro animal.

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