A polícia de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, afirmou que um dos sócios da boate Kiss, que pegou fogo e deixou 235 mortos, em Santa Maria, tentou se matar na tarde desta terça-feira. Segundo a delegada Lylian Carús, Elissandro Spohr tentou se enforcar com a mangueira do chuveiro.
O policial que fica de plantão no quarto hospitalar do empresário, que teve prisão temporária decretada por cinco dias, percebeu a intenção e o impediu.
Aparentemente, segundo o médico responsável, o dano pulmonar no sócio da boate é leve, mas inspira cuidados. Mantido sob efeito de fortes sedativos, Sphor não tem previsão de alta.
Elissandro Spohr, 28, que teve prisão temporária decretada anteontem, está internado em Cruz Alta, a 130 km de Santa Maria, sem previsão de alta.
Spohr estava na boate no momento do incêndio e procurou a polícia horas após a tragédia por temer por sua segurança. Amigos, também preocupados, resolveram levá-lo para outra cidade.
Em Cruz Alta, ele permanece em um quarto ao lado da mulher, grávida, que também estava na casa noturna.
O médico Paulo Vieceli, 48, afirma que o empresário inalou fumaça tóxica e precisa ficar em observação.
Também justifica a internação afirmando que Spohr está emocionalmente fragilizado ao extremo.
Spohr, conhecido como Kiko, é considerado preso. Mantido sob a vigilância de policiais, pode ver TV, mas não tem permissão para visitas ou usar o telefone. Não usa algemas.
O médico diz que ele foi para o Hospital Santa Lúcia, em Cruz Alta, porque um amigo em comum o procurou.
"Eles me telefonaram pedindo orientação. Um colega o visitou e viu que ele estava perdendo capacidade de oxigenação. O indicado era a internação, mas lá [Santa Maria] seria impossível.
Nós fomos de ambulância UTI buscá-lo e trouxemos para cá."
Segundo o médico, o empresário chora o tempo todo, recebe sedativos constantemente e está "destruído".
Sphor passaria ontem por uma tomografia para avaliar o estado de seu pulmão. O caso não está computado na lista de vítimas em observação.
A delegada de Cruz Alta, afirma que reforçou a guarda por questões de segurança.
Segundo ela, o empresário aparentava estar bem quando o viu pela primeira vez, mas ontem estava "muito abalado". "Enquanto o médico não der alta, a gente não tira [do hospital]."
O prazo da prisão temporária vence no máximo dez dias após a decretação. O médico disse não estar preocupado se o prazo é "cinco ou sete dias".
Vieceli diz que não sabia quem era Spohr até a tragédia, mas era "conhecido" do outro sócio preso, Mauro Hoffmann.