O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta segunda-feira (25) uma resolução que demanda um cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza durante o Ramadã, período sagrado para os muçulmanos, que começou em 11 de março e deve terminar em 9 de abril. O texto foi proposto pelo grupo de dez membros não permanentes (Equador, Japão, Malta, Moçambique, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovênia, Suíça, Argélia e Guiana). É a primeira vez que o órgão aprova uma resolução que fala em cessar-fogo imediato e a terceira em que dá aval a um texto que trata do conflito.
O QUE DIZ O TEXTO? O texto aprovado pede ainda a soltura imediata e incondicional dos reféns pelo Hamas e a garantia do acesso humanitário à região. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em seu perfil no X que a resolução deve ser implementada. "O fracasso seria imperdoável", escreveu. Segundo autoridades palestinas, cerca de 32 mil pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, foram mortas desde o início da guerra, em 7 de outubro.
SEIS MESES DE ESPERA: O representante palestino na ONU, Riyad Mansour, disse que a resolução é bem-vinda, mas destacou que o conselho demorou seis meses para demandar um cessar-fogo. "Isso deve ser um ponto de virada, isso deve levar a salvar vidas em campo. Isso deve sinalizar o fim dessas atrocidades contra nosso povo", disse.
Já o embaixador israelense, Gilad Erdan, afirmou que o texto "faz parecer como se a guerra tivesse começado sozinha". "Israel não começou essa guerra e não queria essa guerra." Ele afirmou que não há como recuperar os reféns sem uma operação militar, chamando de "contradição moral" o Conselho de Segurança demandar um cessar-fogo sem atrelá-lo à soltura das pessoas sob poder do Hamas. Ele disse ainda que a instância é enviesada contra Tel Aviv.
APROVAÇÃO APÓS FRACASSO: A aprovação ocorre após um fracasso de um texto semelhante proposto pelos EUA na última sexta (22), vetado por Rússia e China sob a justificativa de que ele não seria claro o suficiente sobre a necessidade de um cessar-fogo imediato. Os países também acusaram Washington de hipocrisia, por ter previamente vetado outras resoluções que pediam uma cessação das hostilidades.
ABSTENÇÃO DOS EUA: Na votação desta segunda, os americanos se abstiveram. Os demais 14 membros da instância máxima da ONU votaram favoravelmente. A resolução estava prevista para ser votada inicialmente no sábado, mas foi adiada para permitir negociações. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que o país gostaria de ter apoiado a resolução, mas teve que se abster porque o texto não faz uma condenação explícita dos atos cometidos pelo Hamas. Mesmo não tendo votado a favor, a abstenção americana é um forte gesto de distanciamento de Israel, até agora, Washington vinha bloqueando resoluções que pedissem cessar-fogo. Em resposta, Tel Aviv cancelou a visita de uma delegação do país aos Estados Unidos no final desta semana.
APOIO A ALIADO PASSA POR TURBULÊNCIA: O encontro entre o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro de Defesa israelense, Yoav Gallant, previsto para a tarde desta segunda, está mantido, disse o porta-voz. O forte apoio americano ao seu maior aliado no Oriente Médio passa por um período turbulento diante das críticas às operações de Israel. Pressionado dentro e fora dos EUA, o presidente Joe Biden mudou seu discurso e passou a cobrar publicamente o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Em conexão com a postura mais crítica ao aliado, Washington também implementou sanções contra colonos judeus na Cisjordânia associados a episódios de violência.
(Com informações da FolhaPress - Fernanda Parrin)