Conhecido por sua atuação jurídica, o doutor Antônio Jurandy Porto Rosa recebeu no dia 18 de março o título de Cidadão Cearense, por sua brilhante atuação no Direito. Aliás, foi no Ceará que dedicou 50 anos de sua carreira, fazendo história e conquistando respeito e admiração.
Para o jurista, o título representa o reconhecimento de toda uma vida de trabalho em prol do direito e Justiça do Estado do Ceará, com destaque para a atuação na defesa dos presos políticos, na quadra da Ditadura, do primeiro ao último processo.
Para o jurista, a homenagem foi um momento especial em sua vida. “Dentre as boas emoções e todas as alegrias que, no curso de minha vida experimentei, nenhuma foi maior do que esta, quando recebo o título de Cidadão Cearense”, afirmou Jurandy Porto, na abertura de seu discurso.
A concessão do título, aprovada por unanimidade, foi proposta pelos deputados Pessoa e Tim Gomes, que destacaram o trabalho desempenhado pelo jurista maranhense no Ceará durante cinco décadas.
O jurista ressaltou que o momento é de agradecer a Assembleia Estadual por essa comenda. “Há muitos anos que anelava por este galardão, que tem sabor de uma sentença declaratória, quando a conquista do direito é anterior, faltando apenas o reconhecimento formal”, afirmou durante discurso.
Jurandy Porto fez um breve relato de sua trajetória, quando deixou São Luís, no Maranhão, aos 10 anos e foi morar no Ceará, onde viveu por 60 anos, formou família e depois seguiu para novos desafios no Piauí, que o acolheu como filho.
“Presto justa homenagem ao Piauí e ao seu povo, pela acolhida e hospitalidade com que fui recebido. O Piauí e o Ceará são terras irmãs, unidas por belas praias contíguas e pela cordilheira verdejante da Ibiapaba, seguindo-se a comunhão nas terras inóspitas do sertão, do semiárido, onde ora se chora, nas secas comuns e ora se alegra o povo nos bons invernos, quando tudo é verde e as tristezas se escondem acanhadas”.
No seu discurso, o doutor Jurandy Porto descreveu sua luta durante a ditadura em defesa dos direitos do cidadão e destacou o papel dos advogados.
“A liberdade é o oxigênio para o advogado, sobretudo, quando defende o direito e a liberdade de expressão. Os advogados são adversários naturais a qualquer ditadura”, falou.
Apaixonado pelo Direito, o jurista enfatizou que a ideologia do advogado é o Direito, é a liberdade, é a Justiça, é a dignidade da pessoa humana. Em seu discurso, ele relembrou a luta pela liberdade e pela volta da democracia e do Estado de Direito.
“Poucos são lembrados, como os advogados que tomaram a dianteira dessa luta, através da Ordem dos Advogados do Brasil” e emendou que as novas gerações não conheceram essa luta, nem dela tomaram conhecimento ou consciência, embora desfrutem hoje de seus resultados benéficos.
“Mas isso não importa. O que é relevante é que os advogados se transformaram em instrumentos dessa luta pela liberdade e honraram sua profissão com toda bravura e arrojo”.
Em seu discurso, o jurista ressaltou que “só a democracia é criativa, só a liberdade frutifica, permitindo o desenvolvimento da nação. Só o povo cria uma nação e para isso precisa de liberdade e é com essa bandeira empalmada pelos cidadãos que esse nosso Brasil encontrará o seu destino grandioso.
Mas já começamos a caminhar rumo aos horizontes iluminados da grandeza do nosso país”.
Carreira
Antônio Jurandy Porto Rosa nasceu no dia 21 de junho de 1937, em Passagem Franca, no Maranhão. Residiu em Fortaleza no período de 1947 a 2007.
Ele foi jornalista profissional, tendo trabalhado vários anos no jornal O Povo. Também exerceu a função de redator do Departamento de Educação e Cultura da Universidade Federal do Ceará. A partir de 1963 começou a advogar como solicitador (antiga denominação dada ao estagiário de advocacia).
Em 1965, concluiu o curso de direito na Faculdade de direito da UFC, devendo ressaltar que o vestibular para ingresso no curso de ciências jurídicas e sociais foi feita em Teresina, cursando aqui o primeiro ano de direito.
Depois, foi transferido de volta para Fortaleza, lá concluiu o curso.
No final do ano de 1994 foi nomeado defensor público geral da União (denominação do cargo de chefia da Defensoria Pública Federal).
Entre os anos de 1997 e 1998 residiu em Teresina, exercendo a advocacia, principalmente no Departamento Jurídico do Grupo Meio Norte, regressando a Fortaleza em 1999.